VISUALIZAR É VERBO RUIM.

VISUALIZAR É VERBO RUIM.

“Visualizar” é pseudo-tradução do verbo “visualize”, do inglês. Em português de qualidade temos : VER. “Visualizado” : VISTO. “Visualizações” : VISÕES. Sim, visões !

É como o tal “aplicativo”, tradução imitante do inglês “aplicative”, mas em português de primeira é APLICAÇÃO.

Neste país, imita-se muito do que se lê em inglês.

O pessoal de LGPD pensa que “scope” é “escopo”, mas é ALÇADA, ÂMBITO, PERTINÊNCIA. Leram em inglês “scope” e não se deram ao trabalho de consultar dicionários; sabem mal inglês e português, pelo menos nesta palavra.

    Fazem planilhas com “escopo”; em aulas, dizem “escopo”, sem a menor noção do que estão a dizer.

Não se dão ao trabalho de consultar dicionários inglês-português. O pior é que os dicionários “atualizados” registram coisas como visualizar. Não se esqueça de que os dicionários comuns não recomendam as palavras, apenas registram-nas; não é por a palavra figurar no dicionário atualizado que ela é boa nem necessariamente recomendável : os dicionários comuns registram tudo que circula, inclusivamente o lixo.

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AS PÁGINAS FALTANTES DE “GOMES CARNEIRO E A CONSOLIDAÇÃO DA REPÚBLICA”.

O livro Gomes Carneiro e a consolidação da república, de David Carneiro (Curitiba, 1976) foi publicado sem suas páginas 91 e 92, cujos originais depararam-se-me e que aqui transcrevo.

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COMO EVITAR “VOCÊ” PELO USO DA TERCEIRA PESSOA.

Eis como podeis tratar vossos interlocutores sem “você”: pelo uso da terceira pessoa, mediante a enunciação do prenome do interlocutor, da pessoa a quem nos dirigimos. Por exemplo: Miguel dirige-se a João; Miguel usará o prenome João, em vez de “você”:

— O João vai à festa ? [Miguel pergunta a João se João vai à festa].

— Trouxe o livro para o João.  [Miguel diz a João que trouxe o livro para João].

— Que bom que o João veio.  [Miguel diz a João].

       João responder-lhe-á:

— Vou; e o Miguel ?

— Obrigado, e eu trouxe a caneta para o Miguel.

— Que bom, também, que o Miguel veio.

   É facílimo substituir “você” pelo prenome (Miguel, João) do interlocutor, ou seja, da pessoa a quem nos dirigimos.

Em alguns contextos também podemos usar a condição da pessoa em lugar de “você”:

— O colega é bem-vindo. [Falamos com colega].

— Se o amigo quiser, pode ser assim. [Falamos com amigo].

— Conto com a visita do tio. [Falamos com tio].

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VOCÊ, PRONOME DE QUE SE ABUSA NO BRASIL.

VOCÊ.

No Brasil é trivialíssimo tratar-se o interlocutor com o pronome você:

— Você vai à festa ?

— Que bom que você veio.

  Podemos, corretamente, omitir o você:

— Vai à festa ?

— Que bom que veio.

 Podemos, devemos, correta e elegantemente substituir “você” por “lhe”: Trouxe o livro para você.  >

Trouxe-lhe o livro. — Fizeram esta surpresa para você > Fizeram-lhe esta surpresa.

Podemos, devemos, correta e elegantemente substituir “você” por o, a, os, as: Quero ouvir você > Quero ouvi-lo/ouvi-la/ouvi-los/ouvi-las.

No Brasil abusa-se de “você”, feiamente:

— Você veio na hora; parabéns para você; agora que você veio, quero dizer para você que gosto muito das opiniões que você dá.

Sem abuso:

— Veio na hora; parabéns; agora que veio, quero dizer-lhe que gosto das opiniões que dá.

Com a terceira pessoa:

— O Élton veio na hora; parabéns; agora que veio, quero dizer-lhe que gosto das opiniões que o Élton dá.

Outros usos abusivos do “você” são os em que, por ele, o locutor refere-se a si próprio, a alguém indeterminado e ou é repetido vezes demasiadas:

  1. A si próprio: “Quando você namora, você se arruma melhor”. O locutor quis dizer e deveria ter dito: “Quando EU namoro, arrumo-me melhor”. Evidentemente, você designa terceiro que não o locutor, ao passo que “eu” designa o próprio locutor. Este uso do “você” é péssimo pois imputa a terceiro inexistente ações, sentimentos, situações não de terceiro (inexistente), senão do próprio locutor, que fala de si como se falasse de outrem, pseudo-identificado por “você” que é ele próprio.

Este abuso introduz confusão de todo desnecessária e facilmente evitável.

2. A outrem indeterminado: “Você vai a Alemanha e você vê os parques de nudismo; aí você fica admirado com os tabus que você tem no Brasil”. Neste caso, “você” não é o interlocutor nem o locutor; não é ninguém específico, não é nenhum “você”: é sujeito hipotético, e viciosamente repetido. Muito melhor construção é: “Na Alemanha veem-se parques de nudismo que causam admiração com os tabus presentes no Brasil”.

3. Repetido vezes demasiadas: “Godofredo, que bom que você veio pois eu esperava você para conversar com você sobre assunto de que você entende. Mas me conta que você tem feito ultimamente.”

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AINDA A GRANDE BOBAGEM ACERCA DA NUDEZ.

AINDA A GRANDE BOBAGEM ACERCA DA NUDEZ.

A grande bobagem que o vulgo pensa acerca da nudez é a de que a nudez em si , toda nudez, é erótica e suscita interesse venéreo (homens teriam ereções e desejo de copular; mulheres facilitar-se-iam aos machos).

Que asnice ! Que ingenuidade ! Só quem jamais esteve diante de nudez alheia, de terceiros, quartos e quintos, pensa assim.

O vulgo associa nudez com libido porque neste país o vulgo só se despe para fornicar, pelo que no imaginário vulgar : nudez > sexo. Não é assim. É assim: nudez > naturalidade e indiferença sexual. Sexo > no momento próprio.

Como todos devem saber, toda praia deve ser de nudez facultativa. Pelado em casa, não há melhor ! Na Europa é assim há gerações e décadas; no Brasil, a impregnação religiosa demonizou a nudez e formou as mentes no pudor e na vergonha, dois sentimentos malsãos e dispensáveis.

Evidentemente o Velho Testamento é fonte de ditames tolos, de prescrições irrazoáveis, de toleimas, dentre as quais a da gimnofobia (“não verá a nudez de teu pai, de tua mãe, deste e daquele”. O pior é haver quem se deixe convencer por criancices que tais.).

Como todos deveriam saber, os gregos exercitavam-se nus (ginásio provém de exercitar-se nu) e nus disputavam as olimpíadas ; como todos deveriam saber, a cultura do corpo livre (“freikörperkultur”) integra a mentalidade alemã há várias décadas; como todos deveriam saber, na Áustria, Alemanha, França, Croácia, Inglaterra, houve (há) grêmios nudistas e campos nudistas, freqüentados por advogados, médicos, militares, pastores, padres, pessoas comuns, mulheres, crianças; como todos devem saber, Croácia e França recebem anualmente milhão e meio de nudistas em suas praias (solteiros, casados, separados, avulsos, casais homo, casais hetero, pais, filhos, crianças, velhos, mulheres, homens) ; como todos devem saber, dos anos 1930 a 1970 nas Associações Cristãs de Moços dos E. U. A., os homens nadavam em suas piscinas nus em pelo diante de colegas e assistentes (famílias, amigos e mais gente em geral) e era-lhes normalíssimo.

Malicioso é quem encobre, não quem expõe.

O pudor dos brasileiros é torto.

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CARINHO ENTRE HOMENS.

Em nossa sociedade, os afetos masculinos rareiam : em geral, os homens inibem-se de exprimir carinho por amigos ou terceiros, fora da família.

Atualmente fala-se em “masculinidade tóxica”, que abrange a contenção afetiva, até a negação emotiva (fora da família e do casamento). As gerações sub-30 não comungam tanto quanto as que lhes precederam de tal frieza, e ainda bem.

Obviamente, às manifestações afetuosas não é congênita a chamada homoafetividade : não é porque um homem exprime afeto e carinho por outro, que ele é homo (conquanto acaso o seja) : ele é humano.

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MENINO, RAPAZ ; PROSTITUTA, RAPARIGA ; PÊNIS & CRIANCICES.

Muitos desavisados referem-se a jovens de 20 e tal anos por “meninos”; ora, meninos são crianças de 5 ,6, 7, 8 anos. Outros pensam que rapariga é sinônimo de meretriz, embora em algumas regiões haja tal sinonímia, porém o sentido primeiro e elevado de rapariga é feminino de rapaz, assim como o sentido próprio e primeiro de “pau” é pau, de “cacete” é cacete, não é pênis.

Podemos dizer, como sinônimos : puta, prostituta, meretriz ; pênis, pene, falo.

É infantil o pudor lingüístico em que se empregam circunlóquios para evitar chamar pênis ao pênis : “o dito cujo”, “a coisa”, “o compridão” & outras infantilidades, ditas por youtubeiros e podecasteiros e por varões e varoas ensinadas a certas vergonhas tontas.

Pinto é sinônimo popular de pênis ou pene ; não é calão.

Na imagem : o pinto, o falo, o pênis, o pene, o marzapo de Adão.

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ABAIXO AS PERGUNTAS SOCIAIS.

ABANDONEMOS AS PERGUNTAS SOCIAIS E O PIROSO “TUDO BEM ?”.

ABANDONEMOS AS PERGUNTAS SOCIAIS E O PIROSO “TUDO BEM ?”.

Evitemos todas as “perguntas sociais”: “Como vai ?” ; “Como está seu dia ?”, “Como estão as coisas ?” e assemelhadas.

Geralmente são usadas por mera cortesia e são insinceras ; devemos ser gentis e evitar a falsidade. Raramente quem pergunta está veramente interessado no bem-estar do interrogado; pergunta-se por perguntar, por “educação”. Ser insincero, falso, não é ser educado: é faltar com o respeito para com outrem, pois é faltar com o respeito ser insincero e falso. As perguntas sociais pretendem ser educadas e são, na verdade, maleducadas pois são sistematicamente práticas de fingimento, de encenação.

Podemos perguntar se e somente se de facto estivermos interessados no bem-estar do interlocutor, se tivermos liberdade de indagar-lhe, se o momento for oportuno, se a circunstância for apropriada.

O diálogo “Tudo bem ?”, “Tudo bem” é puro ruído, é cafona, é totalmente fingido.

Em 99% dos casos, tais perguntas são usadas como fórmulas mecânicas, em que não queremos saber se o interlocutor está bem, como vai, como está. Responde-se “Tudo bem” por pior que se esteja, e aliás, responde-se assim quando se vai mal, pois não se quer expor a própria intimidade a qualquer um.

Todas as perguntas de cumprimento são geralmente hipócritas e invasoras, pois dizem respeito à vida pessoal de outrem, que não é da conta de quem indaga.

Quando alguém responde sinceramente e diz de seus problemas, passa por inconveniente:

— Perguntei “como está seu dia ?” por educação e ele me falou dos problemas dele com a sogra…que cara chato.

Mas quem perguntou foi falso.

Não perguntemos, não respondamos. “Tudo bem ?”, “Como vai ?”, “Como está seu dia ?” e similares são perguntas cretinas.

Cumprimentos são afirmações: afirmações não são interrogações.

Há vários e ótimos cumprimentos sem indagações: bons-dias, boas-tardes, boas-noites, olá; também os populares oi e ôpa; também: salve ! fulano !

Bons-dias, boas-tardes, boas-noites no plural. Plural. Plural. Plural: assim é em português de lei.

Dos muitos que julgam “educado” perguntar “Como vai ?”, “Tudo bem ?”, “Como está seu dia ?” raros, raríssimos são capazes de verdadeira simpatia, verdadeira empatia, verdadeira solidariedade, verdadeira capacidade de auxiliar e verdadeiro desejo de fazê-lo. Há muita hipocrisia nas perguntas “educadas”.

De quantos indagam “Tudo bem ?”, 99,999999% são incapazes de inquirir : “Como posso ajudá-lo ?”.

É muito melhor que as pessoas aprendam a pedir por favor, por obséquio, por mercê, por graça; a agradecer; a dizer “desculpe”, a dizer “com licença” do que fingirem-se de educadas com perguntas convencionais que merecem ser abandonadas.

Basta dizer-se bons-dias, boas-tardes, boas-noites, olá, oi, ôpa, sem nenhuma pergunta. Assim seremos mais educados, mais verdadeiros, mais gentis.

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“TUDO BEM ?”, “COMO VAI ?” & SIMILARES, SÃO FÓRMULAS EXCRESCENTES.

“TUDO BEM ?”, “COMO VAI ?” & SIMILARES, SÃO FÓRMULAS EXCRESCENTES.

Leitor meu indagou-me, espantadamente, como cumprimentaremos se não for com “Olá, como vai ?”, “Olá, como está seu dia ?”, “Oi, tudo bem ?”.

É bastante óbvio que não precisamos de cumprimentar com perguntas e sim apenas com… cumprimentos; que perguntar é de todo dispensável. É bastante óbvio que podemos saudar com: bons-dias, boas-tardes, boas-noites, olá, oi, ôpa — mais formais ou menos, isso são cumprimentos, não são perguntas. “Tudo bem ?”, “Como vai ?”, “Como está seu dia ?” são interrogações que dizem com a intimidade do interlocutor: se ele vai bem ou não, como vai, como lhe está o dia, nada disso é da conta de quem pergunta.

Os mesmos que perguntam “por educação” em geral são incapazes de perguntar: “Como posso ajudá-lo ?” se não está tudo bem, se se vai mal, se o dia lhe corre mal. São perguntas hipócritas em 99% dos casos. Mas para a maioria, ser hipócrita é ser educado. Para mim, não é.

Os mesmos que formulam tais perguntas “por educação” mormente são incapazes de pedir por favor, por mercê, por graça, por obséquio ; de agradecer (obrigado, bem haja, grato); de dizer com licença e desculpe, perdão, peço desculpas.

“Olá” é castiço: provém da contração de “hou de lá”, quinhentista, presente em Gil Vicente. “Oi” será, acaso, redução do espanhol “oie”; é brasileirismo muito informal e usável informalmente. “Ôpa” também é brasileirismo informal e usável informalmente.

Bons-dias, boas-tardes e boas-noites são educados em quaisquer ambientes e entre quaisquer pessoas.

É tonto enviar mensagens com “Arthur, tudo bem ?”, “Olá, tudo bem com você ?”.

Toda pergunta “social” e toda pergunta à guisa de saudação é excrescente. Desusemo-las.

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PROATIVO É QUEM É PENETRADO PELO FALO ERETO.

PROATIVO É QUEM É PENETRADO PELO FALO ERETO.

É espantosa a palavra “proativo”, tradução literal do inglês. Em português dizemos: diligente, voluntarioso, atuante, de iniciativa, operoso, industrioso.

Proativo é a favor do ativo ; a favor do ativo é o p a s s i v o, o que recebe o pênis ereto em seu ano na relação sexual entre homens.

Percebestes em que bestice dá esse pessoal traduzir ao pé da letra ? Quando oiço o chefe dizer que quer “funcionários pro-ativos”, que na empresa devemos ser “proativos”, concluo que no Brasil sabem imitar o inglês porém não traduzir.

Bem me dizem abundarem no Brasil os passivos…

Outros anglicismos — Seus equivalentes em bom português:

força tarefa                 grupo de ação/de serviço/de trabalho

evidência                    dado; indício, sinal, pista; prova

impacto                     efeito

praticamente             quase

eventualmente          finalmente

consistência             coerência

salvar                       gravar

suporte                    apoio

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