ABANDONEMOS AS PERGUNTAS SOCIAIS E O PIROSO “TUDO BEM ?”.
ABANDONEMOS AS PERGUNTAS SOCIAIS E O PIROSO “TUDO BEM ?”.
Evitemos todas as “perguntas sociais”: “Como vai ?” ; “Como está seu dia ?”, “Como estão as coisas ?” e assemelhadas.
Geralmente são usadas por mera cortesia e são insinceras ; devemos ser gentis e evitar a falsidade. Raramente quem pergunta está veramente interessado no bem-estar do interrogado; pergunta-se por perguntar, por “educação”. Ser insincero, falso, não é ser educado: é faltar com o respeito para com outrem, pois é faltar com o respeito ser insincero e falso. As perguntas sociais pretendem ser educadas e são, na verdade, maleducadas pois são sistematicamente práticas de fingimento, de encenação.
Podemos perguntar se e somente se de facto estivermos interessados no bem-estar do interlocutor, se tivermos liberdade de indagar-lhe, se o momento for oportuno, se a circunstância for apropriada.
O diálogo “Tudo bem ?”, “Tudo bem” é puro ruído, é cafona, é totalmente fingido.
Em 99% dos casos, tais perguntas são usadas como fórmulas mecânicas, em que não queremos saber se o interlocutor está bem, como vai, como está. Responde-se “Tudo bem” por pior que se esteja, e aliás, responde-se assim quando se vai mal, pois não se quer expor a própria intimidade a qualquer um.
Todas as perguntas de cumprimento são geralmente hipócritas e invasoras, pois dizem respeito à vida pessoal de outrem, que não é da conta de quem indaga.
Quando alguém responde sinceramente e diz de seus problemas, passa por inconveniente:
— Perguntei “como está seu dia ?” por educação e ele me falou dos problemas dele com a sogra…que cara chato.
Mas quem perguntou foi falso.
Não perguntemos, não respondamos. “Tudo bem ?”, “Como vai ?”, “Como está seu dia ?” e similares são perguntas cretinas.
Cumprimentos são afirmações: afirmações não são interrogações.
Há vários e ótimos cumprimentos sem indagações: bons-dias, boas-tardes, boas-noites, olá; também os populares oi e ôpa; também: salve ! fulano !
Bons-dias, boas-tardes, boas-noites no plural. Plural. Plural. Plural: assim é em português de lei.
Dos muitos que julgam “educado” perguntar “Como vai ?”, “Tudo bem ?”, “Como está seu dia ?” raros, raríssimos são capazes de verdadeira simpatia, verdadeira empatia, verdadeira solidariedade, verdadeira capacidade de auxiliar e verdadeiro desejo de fazê-lo. Há muita hipocrisia nas perguntas “educadas”.
De quantos indagam “Tudo bem ?”, 99,999999% são incapazes de inquirir : “Como posso ajudá-lo ?”.
É muito melhor que as pessoas aprendam a pedir por favor, por obséquio, por mercê, por graça; a agradecer; a dizer “desculpe”, a dizer “com licença” do que fingirem-se de educadas com perguntas convencionais que merecem ser abandonadas.
Basta dizer-se bons-dias, boas-tardes, boas-noites, olá, oi, ôpa, sem nenhuma pergunta. Assim seremos mais educados, mais verdadeiros, mais gentis.