OS PORTUGUESES E OS ÍNDIOS DO BRASIL.

Para acusar a civilização ocidental, os europeus, a formação do Brasil, os brancos, os portugueses, os de espírito acusador insistem em alguns pontos: 1) em que a povoação indígena do Brasil, nos 1500 teria sido de 4 milhões e de até 80 (sic) milhões;  2) em que os silvícolas teriam sido dizimados pelos portugueses; 3) em que parte de sua dizimação decorreu de epidemias produzidas adrede pelos brancos.

Mas : 1) não se sabe rigorosamente qual a quantidade de silvícolas no território do Brasil em 1500; os cálculos soem ser exagerados intencionalmente, por quantos se comprazem na atitude acusadora dos brancos, dos europeus, dos portugueses. Quanto mais indígenas supostamente houvesse, tanto mais alegadamente violenta terá sido a formação do Brasil e tanto mais argumento engenha-se para acusa-la. Cálculos mais recentes estimam ter havido se tanto um milhão de índios, que terão sido provavelmente [acentuei deliberadamente] 250 mil apenas. Deixemo-nos de fantasias demográficas.

2) Parte relevante desses indígenas não foi dizimada, não foi morta pelos brancos, senão incorporou-se às povoações, às vilas formadas por eles: ao longo de séculos, os índios migraram de suas aldeias para as povoações dos brancos, onde tomavam nomes portugueses (Maria, João): à medida que a povoação indígena aparentemente minguava, as vilas portugueses repontavam, mantinham-se e incrementavam-se. O incremento populacional dos vilarejos portugueses foi desproporcional à população branca neles existente; ele deu-se por transferência de índios que se lhes incorporaram. Assim, a diminuição aparente da quantidade de silvícolas foi concomitante ao aumento demográfico dos vilarejos portugueses (que também recebiam imigrantes de Portugal europeu).

3) Os brancos, europeus, portugueses, foram contaminados com as doenças dos silvícolas, delas morreram e elas causaram epidemias na Europa. Os índios transmitiram sífilis aos brancos, aos portugueses, aos europeus, como oxiuríase (infestação intestinal) e bouba; criaram o cigarro e transmitiram aos brancos, aos portugueses, aos europeus, o vício de fumar.

Os brancos também transmitiram gérmens aos índios, o que lhes determinou epidemias: deram-se trocas biológicas de um lado e do outro, e contaminações recíprocas. Os portugueses que transmitiam enfermidades delas padeciam e delas tratavam-se como podiam, com a farmacopeia da altura em que inexistiam antibióticos e os medicamentos da atualidade: os brancos portugueses também morriam das doenças que infecionavam os índios, e vice-versa.

Propagandeia-se o caso de brancos que, em Caxias (no século XIX) contaminaram indumentos para suscitar epidemia em tribos, que terão sido dizimadas: perversidade ocasional, insulada, criminosa, não se pode afirmar ter sido o padrão de comportamento dos portugueses. Não podemos asserir que “os portugueses faziam assim”, porém “alguns portugueses ou brasileiros fizeram assim”, e fizeram-no criminosamente, em ação punida pelo direito da época.

Por que nas escolas os professores enfatizam tanto as contaminações de que padeceram os silvícolas e ocultam de todo as que produziram nos brancos ? Por que tratam os portugueses como se houvessem sido agentes de contaminações intencionais e ocultam que eles padeciam das mesmas doenças que transmitiam e delas morriam ? Por que não ensinam que os índios comunicaram sífilis, bouba, oxiuríase, tabagismo aos brancos e que se davam surtos epidêmicos nos portos portugueses após a chegada de navios oriundos do Brasil ?

4) Em 1562 a coroa portuguesa instituiu o Procurador do Índios: autoridade oficial encarregada de zelar a liberdade dos índios, que não podiam ser escravizados; de zelar porque os índios a serviço dos brancos fossem contratados e corretamente pagos, com descanso dominical, e podiam recusar-se ao serviço caso impagos, em insipiente legislação laboral. Para mais, a coroa portuguesa foi recorrente em afirmar a liberdade do índio e em assegurá-la por determinações legais.

Por que nossos professores ocultam tudo isso ? Porque são apenas ignorantes desavisados ou porque são “revisionistas” e “justiceiros” da história ?

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