Viagem de Vasco da Gama.

“POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS”, de Ronaldo (Ronald) Watkins, é ótimo livro: trata da viagem de Vasco da Gama, cujas peripécias e aventuras descreve.

Suas introdução, primeiro capítulo e epílogo contêm esclarecimentos fundamentais, para se compreender as motivações dos portugueses, suas virtudes que resultaram no êxito de suas navegações, e os efeitos da viagem de Gama.
Antes da viagem de Gama, ignorava-se o que era o mundo, para além da Europa: portugueses e Gama determinaram, exatamente, como era parte importante da Terra.

Motivaram os portugueses: a religião, o ardor cristão de subtrair o comércio das especiarias, dos muçulmanos; o afã de enfraquecê-los; o de disseminar o cristianismo. Também o intuito de amealhar ouro e riquezas pelo comércio das especiarias, até então monopolizado pelos muçulmanos (na Ásia) e, na Europa, por Veneza, Gênova e Nápoles.

A viagem de Vasco, “o maior português de todos os tempos” (p. 28), compara-se, não à viagem à Lua, porém a uma missão a Marte (p. 32). Realização da “mais pobre e uma das menores nações da Europa”, foi feito “espantoso” (p. 33).

O êxito de Vasco decorreu, dentre outras causas, de “longa sucessão de reis eficientes” (p. 41); também “do caráter dos próprios portugueses” (p. 41), em que o combate aos mouros deu-lhes senso de destino coletivo (equivalente ao que animou os romanos da Antigüidade), como “senso de missão” (p. 41). Também a inclinação deles a “serem mais tolerantes e receptivos a diferenças e até mesmo interessados” nelas (p. 42); também “o desejo de conhecer o que ficava mais além e a coragem de ir até lá” (p. 43).

Como resultado da viagem de Vasco, uniram-se, como jamais desde Alexandre, o Oriente e o Oriente; cessou o monopólio muçulmano das especiarias; Lisboa tornou-se a mais próspera cidade européia.

O tema de “Os Lusíadas” é a viagem de Gama.
“As expedições e subseqüentes descobrimentos feitos pelos portugueses no século XV são com certeza o maior feito isolado da história européia, se não mundial. […] A tenacidade da pequena nação portuguesa, a coragem do povo, o empenho de seus soberanos ao longo de décadas são nada menos que espantosos.” (p. 357).

Vasco da Gama foi merecidamente contemplado no Calendário Positivista, de Augusto Comte: é o epônimo do dia 3 do mês de Gutenberg, destinado a memorar a indústria moderna, ou seja, a ação tecnólogica da Humanidade. A primeira semana deste mês evoca navegadores: Gama, Cook, Colón; um viajor: Marco Polo, e outros.

TRADUÇÃO BRASILEIRA RUIM, COMO JÁ É TRADICIONAL NO BRASIL.
A tradução, de Eduardo Francisco Alves, é típica das que se fazem no Brasil: o tradutor IMITA o inglês, nas suas expressões típicas e nas suas preposições.

O inglês usa a preposição “for” em verbos como procurar (por), caçar (por), o que não se usa em português (“procuro algo, alguém e não: “procuro por algo”; caça à baleia, caça de focas e não: “caça por baleia”, “caça por focas”). O tradutor usou “por” indevidamente 99% das vezes.

O inglês usa a preposição “to” (para) em várias situações em ela é ERRADA em português, como, por exemplos: “portão para o fluxo de mercadorias”, “fulano tem autoridade para questões religiosas”. O tradutor usou “para” erradamente em 99% das vezes.

O idioma inglês tem a expressão “in the process”, que literalmente corresponde a “no processo” e que NÃO significa “no processo” e sim “em simultâneo” (!). O tradutor usou “no processo” erradamente em 100% das vezes.

O idioma inglês usa, obrigatoriamente, artigos indefinidos “a”, “an”, que em português não se deve usar: “servir como um portal”, “Perguntou-lhes se o seu soberano era um rei ou um papa”. O tradutor usou, erradamente, os artigos “um”, “uns”, em 99% dos casos.

O tradutor não sabe usar advérbios de modo, como na ignóbil construção: “Mas a questão dos presentes não seria posta de lado tão fácil.” Advérbio de modo: “facilmente”. “Facilmente” é a maneira como a ação ocorre; “fácil” é adjetivo, a qualidade da ação. O tradutor não soube usar advérbios de modo em 100% dos casos.

O tradutor traduziu Duarte (nome de rei português) por Eduardo, de “Edward”; traduziu “d´além e d´aquém mar” (parte do título, em português, d´el-rei D. Manuel) por “deste lado do mar e do outro lado”. São dois erros inaceitáveis.

Traduzir não é imitar; é obter o equivalente com qualidade, no idioma de destino.

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