GINÁSIO. “ACADEMIA”.

            No Brasil chamam-se academia os estabelecimentos de ginástica; em Portugal, nomeiam-nos ginásios.

            O substantivo academia deriva de Academos, nome próprio de um grego residente nas proximidades de Atenas e que ofereceu à esta cidade sesmo de nome academia, em que Platão conferenciava com seus discípulos.

            Do século XV por diante repontaram instituições que congregavam (e congregam) estudiosos e se dedicavam (e dedicam) ao cultivo da arte, filosofia, arqueologia, literatura, teologia, ciências físicas, letras, a exemplo da Academia Pomponiana (Roma, século XV), Academia Bracarense (Braga, século XVI), Academia Francesa (Paris, século XVII), Academia Brasílica dos Esquecidos (Salvador, século XVIII), Academia Imperial de Belas Artes (Rio de Janeiro, século XIX), dentre sem-número delas.

            Nenhuma academia se ocupava nem se ocupa de atividades ginásticas e sim da intelectualidade.

            Academia também designa, genericamente: sociedade de cientistas, escritores ou artistas; escolas de ensino superior, universidades, faculdades; conjunto de lentes e discentes dessas escolas; sarau instrutivo e recreativo.

            Ginástica provêm do grego gymnadzéin, que significa exercitar-se nu, porquanto os gregos da Antigüidade, pioneiros da ginástica, praticavam-na despidos; o sítio em que se pratica ginástica nomeia-se, corretamente, ginásio, do grego gymnásion, e não academia, cujo sentido é totalmente diverso e de todo alheio à atividade física.

            No Brasil, o primeiro ginásio de halterofilismo surgiu em Goiânia em 1957: nomeou-se Academia de Halterofilismo Músculo y Poder, em que o substantivo foi empregado metaforicamente. Instituições congêneres tinham nomes como Instituto de Modelação Física, Centro de Fisiculturismo, Clube de Calistenia, não academia que, aplicado a ginásios, propagou-se nos anos 1980, talvez por imitação do nome do ginásio de Goiânia. Em país em que o idioma americanizou-se naqueles idos, não se tratou de mais uma inglesia, porquanto em inglês ginásio diz-se gymnasium e não academy.

            Usa-se no Brasil a locução ginástica de academia para referir ginástica de ginásio.

            O emprego que se faz no Brasil do termo academia para designar ginásios é metafórico e indevido. Estabelecimento em que se pratica ginástica (também chamada musculação ou halterofilismo), calistenia, pilates, exercícios anaeróbios, aeróbicos, natação, pedalada, dança com música, designa-se em bom português, castiça e retamente, de ginásio, não de academia. Em Portugal soía-se empregar ginásio, porém no abrasileiramento generalizado da fala dos portugueses, já lá (infelizmente) diz-se academia.

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