Neo-desbocadas: linguajar das mulheres sexualmente carentes.

 

                        Arthur Virmond de Lacerda Neto

1º.I.2014.

 

Porra, foda, fodeu, fudida, estou puta, caralho, puta que pariu. Assim falam as moças da classe média de Curitiba.

Talvez se trate de código lésbico: serão, quiçá, sinais de lesbianismo, em que as tríbades dão-se a conhecer, assim como muitos rapazes homo são efeminados. As “heteras”, por sua vez, passaram a adotar o sinal lésbico, sem o lesbianismo.

As moças abastadas é que são licenciosas no seu linguajar, ao passo que as que tomam ônibus, as feias, as desinstruídas, não falam assim.

É fenômeno de imitação e que, entre elas, serve como elemento de identificação. Ser acadelada é forma de pertencer-se ao grupo; é forma de ser igual entre as suas pares e não elemento que dele destoe.

Demais, quem fala é ouvido; é inevitável, muitas vezes que os outros ouçam o que dizemos. As novas-bocas-sujas falam, talvez, assim, adrede: é mesmo para chocar, para escandalizar, para chamar a atenção sobre si.

Eis o ponto: cuida-se, possivelmente (é conjectura que formulo), de mulheres  carentes afetiva e sexualmente. Elas sublimam a sua sub-alimentação de atividade vaginal pelo seu vocabulário sexual, sentido em que é expressiva a locução “fiquei puta”, que encobre carência genesíaca. Ela significa: “anseio por sentir orgasmos”, mercê da associação, inconsciente, entre a vida sexual ativa, da meretriz, e a vida sexual que as dondocas desbocadas aspiram a ter.

Foda, fodeu, fodido, porra, caralho, vão no mesmo sentido: indicam cópula, pênis, esperma, genitália. Em suma: penetração do falo na vagina.

Possivelmente escasseiam homens em disponibilidade sexual. Dado o advento da liberdade homo, 20% dos homens (a população homo) passou a preferir, aberta ou veladamente, homens e não mais mulheres. Assim, reduziu-se a proporção de homens disponíveis para copular com mulheres que, destarte, tornaram-se insaciadas e que externizam os seus anseios concupiscentes pelo linguajar.

É como o homem que se jacta de haver possuído mulheres em que jamais tocou: ele realiza os seus desejos por fantasias de que a comunicação verbal serve de instrumento.

As novas-desbocadas são mulheres do mercado de trabalho. Laboram por oito horas e escasseiam-lhes horas minguadas, de folga, em que estejam disponíveis para o coito. E quando o estão, sentem-se fatigadas, tensas, nervosas, preocupadas, devido aos percalços dos seus trabalhos.

O fenômeno é novo e coincide exatamente com a liberdade do público homossexual e com o advento, mais do que dantes, do mulherio,  nas atividades até aqui desempenhadas pelos homens.

Os homens também falam assim: os grosseiros, rudes, toscos, incivilizados.

O calonismo constitui a forma pela qual a frustração e o desejo sexuais se exprimem; ele é a válvula de escape do desejo insatisfeito. Elas são baldas de orgasmos e de homens; mediante o uso incontido do vocabulário sexual procuram compensar as suas carências. Elas falam do que sentem; como elas falam, é o que sentem. Dizem “foda” e as suas variantes por sentirem falta disto mesmo.

Em suma: as neo-desbocadas são sexualmente carenciadas. Elas pensam, abundantemente, em sexo, e escassamente o praticam.

Porém há novas-desbocadas que desfrutam de atividade sexual, com os seus namorados, noivos, maridos, amantes e biscates. Ou a sua atividade insatisfá-las e, embora vaginalmente ativas, são frustradas, ou são satisfeitas e, neste caso, o rude da sua loqüela funciona, apenas, como fator de identificação de grupo. Como distinguir as novas-desbocadas frustradas sexualmente das realizadas, é observação ainda por efetuar. Algumas sentem falta de coito; as outras limitam-se a imitá-las, sentido em que o linguajar serve somente como forma de pertença ao grupo, assim como certos usos de vestimenta, de pensar, de fazer, de preferir, também o servem.

A locução neo-desbocadas não constitui vitupério, porém apelativo. Designa objetos, não xinga pessoas; é sociológica e não depreciativa.

Nota de dezembro de 2016: ainda mais recentemente, muitos rapazes empregam,com desenvoltura, merda, bosta, porra, puta que pariu, foda, em público e na presença do professor. O professor sou eu e os ejaculadores destes termos são-me alunos; nenhum deles disse-os para afrontar-me, porém todos os proferiram em sala de aula e durante atividades escolares.

Outros rapazes com quem converso são bem mais contidos em relação a improprérios.

Fica a observação etológica.

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