Frase da vida.

FRASE DA VIDA.

Notinha sobre costume dos anos de 1980.

10.5.2016.

Nos meus tempos de moço, os mais velhos do que eu, da família (pelos lados de pai ou de mãe), perguntavam-me a minha idade, ao que lhes respondia que 18 anos, 19, 20 ou pouco mais. Eles redargüiam-me “Tenho idade para ser seu pai”. Haveria, nisto, algum paternalismo, algum carinho dos homens daquele tempo, pelos moços? Presumo que sim. Sempre levei a bem que mo dissessem, pois percebia-lhes o tom amável e o intuito benévolo.

Em 2014, perguntei a um rapaz (o Diogo Cavalheiro) a sua idade (então, 21 anos) e obtemperei-lhe “Tenho idade para ser seu pai”, por memória do que me diziam, na minha mocidade. Ele sorriu-me. Eu contava 48 anos de idade.

Na minha observação havia algum carinho por ele. Antes de que alguém imagine que fosse mais do que carinho, era só carinho, mesmo. E se eu estivesse interessado nele, haveria mal ? Não, não haveria mal nenhum.

Talvez eu haja incorporado, no meu modo de ser, especificamente na minha idiossincrática formação, na minha convivência com pessoas de uma e duas gerações anteriores à minha, de gente 30, 40, 50 anos mais velhas do que eu e que me tratavam com bondade e simpatia (tudo parentela, Biscaias e Supplicys de Lacerda) a inspiração para simpatizar com os moços, com alguns, pelo menos. (Interessava-me conhecer a história da família, apreender a experiência dos mais velhos, perceber a cosmovisão da geração deles.).

É, julgo, componente da minha juventude que se me entranhou; é o contributo amável de pessoas, já todas mortas, que se agregou, em parte, ao meu modo de ser e que se compagina, em alguma medida, com a minha idiossincrasia, também especialíssima, neste particular. Na madureza (fase atual da minha vida) apraz-me a companhia de moços, diferentemente da maioria dos meus eqüevos, que (penso eu) prefere a convivência com os seus próprios eqüevos.

Não me costumo bazofiar nem dizer de mim próprio, em público; tampouco em privado. Fica o registro dos costumes de parte da geração anterior à minha (supondo que se tratasse, deveras de costume) e notinha sobre a minha individualidade.

 

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