Preço e não: valor.

Preço e não: valor.

            No comércio, muitos dizem: “O valor deste artigo é tanto”, “Este exame custa o valor de X”, “Pague o menor valor da praça”, “Qual é o valor deste remédio ?”. Não se trata de valor, mas de preço.

            Valor é a estimação da importância que cada pessoa atribui à coisa; ele é subjetivo (depende do sujeito, de cada um, e não da coisa, importante para um, muito importante para outro, desimportante para terceiro, desprezível para quarto), variável (a mesma coisa pode ser-nos importante e, pois, valiosa, em dada situação, e menos valiosa em outra) e relativo à circunstância (consulta médica inútil é desvaliosa para quem se lhe submeteu; a mesma consulta, que lhe salve a vida, é-lhe valiosíssima). Cada um valoriza o objeto, a mercadoria, o serviço, mais ou menos, independentemente de seu preço e de seu afã de comprar o objeto ou de tomar o serviço, embora a valoração se manifeste juntamente com a apetência de adquirir ou tomar.

            Ninguém paga valor pela mercadoria nem pelo serviço, conquanto valham.

            Preço é a quantia que o vendedor almeja embolsar pela venda da coisa ou que o prestador de serviço pretende haver por sua execução; ele é objetivo (relaciona-se com o objeto ou serviço, e não com o sentimento do interessado), invariável (é fixo, é o mesmo para todos os fregueses) e absoluto (irrelacionado com a circunstância em que se acha o comprador ou o tomador; ele independe dela, que não vem ao caso). Todos pagam preço pela mercadoria e pelo serviço, amiúde coincidente com a expressão monetária do valor aproximadamente consensual atribuído à coisa ou à prestação (exempli gratia: reconhece-se a certa casa valor equivalente a tanto, em moeda, o que serve de critério para a fixação do preço de sua venda, como igual ao mesmo tanto. Diz-se então que o preço é justo, pois equivalente ao valor. Já se o preço exceder o valor, julgamos cara a coisa; se o preço estiver aquém do valor, temo-la por barata). O preço sujeita-se a oscilações para mais ou para menos, consoante a circunstâncias, como raridade da coisa, prestígio do prestador do serviço, dificuldade do serviço, descontos ocasionais (liquidações, queimas, encerramento da loja, venda a preço de custo) ou de praxe (liquidações de final de estação ou posteriores ao Natal).

            Ninguém paga valor: paga-se preço; nada custa valor: custa preço. 

            Quantia é porção determinada de dinheiro: quantia de um real, quantia de trezentos réis.

            O preço marca-se em quantia, o valor pode corresponder a quantia. Deposita-se quantia, não se deposita valor nem preço.

            Resumo: mercadorias e serviços têm valor (o quanto cada um o considera importante, em função de cada pessoa e da circunstância em que ela os aprecia. Ele é subjetivo e variável) e preço (o quanto custam para o comprador ou tomador, em quantia monetária objetiva e fixa). Artigos e serviços custam preço, por eles paga-se preço.

            Preceito: na atividade mercantil e de serviços, informe o preço, pergunte o preço, discuta o preço (não o valor).

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