Olavo não é mentor de Bolsonaro.

OLAVO NÃO É MENTOR DE BOLSONARO.
Há duas declarações de Olavo em que nega explicitamente tal condição e nega-a malgrado haja proposto dois ministros. Ele sugeriu Ricardo Rodriguez e o ministro das Relações Exteriores, como muitos políticos sugerem, indicam, negoceiam nomeações para ministérios e nem por isto são “gurus”.

Olavo foi categórico em rejeitar a sua alegada condição de mentor ou de “guru” (palavra de mau gosto). Indicar dois ministros não faz de ninguém guru de ninguém.

Ser mentor ou “guru” é outra coisa: é exercer influência intelectual, plasmar a mentalidade e o recheio cultural do influenciado. Bolsonaro não é olavinho, não foi aluno de Olavo, não lhe é leitor. É caricato pretenderem que Olavo seja o mentor de Bolsonaro: é não saber o que seja “mentor”, “influenciado”, “discípulo” nem influência intelectual, o que me parece sintoma de pauperismo intelectual do meio brasileiro, de muitos jornalistas brasileiros, para além de, em muitos, inclinação hostil a um e ao outro.

Também não basta para alguém ser mentor de outrem, que este haja presenteado um dos seus filhos com livro do suposto mentor (Bolsonaro fez presente de um livro de Olavo para um dos seus filhos). As pessoas presenteiam parentes e amigos com livros e nem por isto os respectivos autores são mentores dos presenteadores.

Pouco se me dá se Olavo é ou não é mentor de Bolsonaro ou seja lá de quem for. O que me incomoda é a superficialidade, até a leviandade com que muitos lhe imputam tal condição. O que me incomoda não é que imputem tal condição a Olavo nem que a imputem em relação a Bolsonaro e sim a leviandade com que atribuem ascendência intelectual de uma pessoa em outra.

Onde abunda a gente destituída de cultivo intelectual, abundam os que desconhecem o que seja influência de um pensador nos seus adeptos ou nos que se convencem das suas proposições. Irrita-me a leviandade com que os pregoeiros do mito do “Olavo guru” maltratam a vida intelectual e ajuízam do que seja influência intelectual. Trata-se de balela para consumo das massas e dos ingênuos, da maioria alheia à vida contemplativa e aos crédulos.

Mentor é Augusto Comte, dos Positivistas; Carlos Marx, dos marxistas; os papas, dos cristãos; Paulo Freire, de muitos pedagogos. Olavo está muito longe de preponderar intelectualmente, em Bolsonaro, a ponto de ser-lhe mentor.

Suponho que ninguém seja mentor de Bolsonaro. Suponho que ele seja intelectualmente aquém de ter algum.

Há, no Youtube as declarações de Olavo, em que recusa o papel que os outros lhe atribuem, de mentor do presidente.

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