BRASIL FORMADO POR PORTUGUESES E NÃO POR HOLANDESES NEM POR INGLESES. FOI MELHOR OU FOI PIOR? RESPONDEM GILBERTO FREYRE E OUTROS.

BRASIL FORMADO POR PORTUGUESES E NÃO POR HOLANDESES NEM POR INGLESES. FOI MELHOR OU FOI PIOR? RESPONDEM GILBERTO FREYRE E OUTROS.

“O português foi por toda a parte, mas sobretudo no Brasil, esplendidamente criador nos seus esforços de colonização”. (Gilberto Freyre, O mundo que o português criou, É realizações, 2010, p. 25.).

 Carlos Lisboa Mendonça: “Acrescentemos, ainda, ao contrário do que muitas vezes ouvimos dizer, que o Brasil foi colonizado por material humano de boa qualidade; o melhor que naquela época existia em Portugal. Os líderes eram homens que já haviam demonstrado seu valor na India e pertenciam à camada mais representativa da vida política e social portuguesa […]. Os colonos eram pessoas cuidadosamente escolhidas, com quem os Capitães pudessem contar nos momentos de dificuldade […]”. (500 anos do descobrimento, editora Destaque, 2000, p. 242).

 Oliveira Lima, em “O movimento da independência” (Topbooks, p. 46) diz (maiúsculas minhas): “A COLONIZAÇÃO BRASILEIRA LEVADA A CABO POR DEGREDADOS É UMA LENDA JÁ DESFEITA. Nem ser degredado equivalia então forçosamente a ser criminoso, no sentido das idéias modernas. Punia-se com a deportação delitos não infamantes e até simples ofensas cometidas por gente boa. Os dois maiores poetas portugueses, Camões e Bocage, sofreram a pena de degredo na India, como Ovídio sofreu a de banimento no Ponto Euxino”.

 Em relação à mestiçagem no Brasil, à ausência de “antagonismos absolutos” na “separação dos homens em senhores e escravos” e da “mística da branquidade ou de fidalguia” (Gilberto Freyre, O mundo que o português criou, É realizações, 2010, p. 26), diz Gilberto Freyre: “se reconhecermos na mestiçagem a capacidade, que me parece justo atribuir-lhe, de ter, no Brasil e noutras áreas de colonização portuguesa, adoçado as durezas do sistema de trabalho escravo e as suas consequencias sociais e vencido ou, pelo menos, atenuado convenções de reça e de classe nas relações dos homens brnacos com as mulheres nativas, devemos concluir pela superioridade ética desse processo […]” (idem, p. 27 e 28).

 E se o Brasil houvesse sido colonizado pelos holandeses? Responde-o Gilberto Freyre (Alhos e bugalhos, Nova Fronteira, 1978, p. 139-140):

 “Mas – há eruditos que ainda hoje perguntam – não teria sido melhor para os que hoje somos brasileiros que o Brasil tivesse tido não um Pedro português mas um Adrian holandês […] como seu descobridor oficial; e que, em vez de passar […] a pertencer a um Portugal […] tivesse passado a ser […] colônia de uma Holanda […] ?

 “Provavelmente isto: em vez de um Brasil que, com todas essas suas dificuldades, os seus problemas os seus fracassos, é um Brasil onde ser negro não é opóbrio, onde ser pobre não é desonroso […] seria uma Java americana, mais rica, mais progressista, mais produtora de café ou de cacau que o Brasil de hoje, porém dominada por alguns daqueles preconceitos que tantos dos norte-europeus […] levaram para o Oriente: um Oriente onde há um ranger de dentes, uns extremos de ódios entre brancos e gentes de cor, entre ricos e pobres, entre europeus e não-europeus […]”.

 O Brasil teria, pondera, mantido vantagem econômica na produção do açucar, do ouro, do cacau, dos diamantes, da borracha; é provável que fosse “quase tão potência quanto os Estados Unidos ou a União Soviética” e “é quase certo que aqui brancos e gentes de cor não seriam – tivessem os holandeses – se apoderado de parte do Brasil -,um só povo brasileiro, porém dois: uns brancos, outros de cor; uma casta tida por abençoada por Deus, como ensinou Calvino, por ser rica, e os pobres, por serem pobres, havidos, de acordo com o mesmo ensino, por sub-homens, por subgente, por enjeitados do próprio Deus; a pobreza tida por extrema vergonha […] e não como condição que nada tem de indigna”. (Idem).

 “Pertenço a uma geração que aprendeu nas escolas duas lendas apresentadas como históricas: a do descobrimento do Brasil por um acaso e a do mal que teria representado para nós a colonização portuguesa, simplisticamente comparada a colonizações de outras origens. São duas lendas inspiradas por um só sentimento: o de lusofobia. E baseadas numa hipótese que está longe de ser provada: a do atraso científico de Portugal”. (Edson Nery da Fonseca. Uma cultura sempre ameaçada, in Uma cultura ameaçada, Gilberto Freyre, É realizações, 2010, p. 91).

 “O Brasil, durante o período colonial (1500 -1808), foi, sempre – nos aspectos territorial, econômico, cultural e social – mais extenso, mais rico, mais instruído e mais desenvolvido, do que as 13 colônias inglesas, que fazem parte e deram origem aos Estados Unidos da América, 04/07/1776”. (A Colonização Portuguesa no Brasil, de José Verdasca e Antonio Netto Guerreiro, 2015, p. 81).

             Carlos Lisboa Mendonça: “[…] não foram os holandeses que levaram o progresso a Pernambuco: mesmo antes da sua invasão, aquela já era provavelmente a mais desenvolvida região do Brasil”. (500 anos do descobrimento, editora Destaque, 2000, p. 197).

 “Excetuando o período de Nassau, a dominação holandesa se constituiu, em seus vinte e cinco anos, em um dos mais negros períodos da história do nordeste brasileiro da era colonial. A conquista de cada vila ou povoado foi marcada por atos de desnecessária barbaridade, agravada pela intolerância religiosa calvinista, com freqüentes massacres. A população dominada era submetida à mais dura exploração econômica, além de opressão política e religiosa”.(Idem, p. 198).

 “[…] das conquistas e da colonização holandesa em todo o mundo, não existe um só exemplo de prosperidade”. (Idem, p. 200).

 Sobre os franceses, o mesmo autor assere: “Seus povos coloniais se conservaram atrasados, ignorantes e em grande estado de pobreza”. (Idem, p. 197).

 A propósito dos ingleses: “[…] além dos Estados Unidos, inúmeras outras terras espalhadas pelo mundo foram colonizadas pela Inglaterra, sem que os seus povos tivessem experimentado o menor progresso. […] Eles conservaram as populações de suas colônias sob grande opressão política, exploração econômica e obscurantismo cultural .” (Idem, p. 196). Vide a India e Uganda.

 Quanto aos emigrantes do navio Mayflower (segundo grupo de colonos ingleses que se radicaram nos atuais E.U.A., em 1621), “eram homens de difícil relacionamento, pelas suas intransigências religiosas”, “desterrados, perseguidos, recalcados, que pouco tinham de colonos”; Plymouth, vila por eles fundada, vegetou “até desaparecer”.

 “Temos como principais diferenças entre o início da colonização dos ingleses e portugueses, que estes foram melhor selecionados para se adaptarem à condição de colonos e o órgão responsável por sua localização agiu com maior responsabilidade e melhor técnica, procurando dotá-los dos meios indispensáveis, não só com que eles conseguissem prover sua subsistência, com trigo, gado e árvores frutíferas, mas também conseguissem alcançar seu progresso econômico, com a fabricação do açúcar. Melhores também foram as providências dos portugueses, dotando as colônias de estrutura mais condigna, nada semelhante às míseras cabanas de que nos fala André Maurois com referência aos ingleses.

Esquadra colonizadora foi a portuguesa, que permaneceu durante três anos com os colonos […]; esquadras meramente transportadoras de colonos, foram as da Inglaterra”. (Idem, p. 231).

 “[…] foram os americanos, depois da Independência [dos E.U.A.], que promoveram o desenvolvimento do seu país e não o sistema colonial inglês. Quanto ao Brasil, ao contrário do que nos ensinam, a colonização portuguesa não possui aquela imagem negativa que pretendem emprestar-lhe, pois nosso país experimentou progresso e crescimento que devem ser considerados cultural e economicamente superiores ao das 13 Colônias”. [norte-americanas]. (Idem, p. 195).

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