Alfabéticos.

                                                         ALFABETO NA BALADA.

                                                           Arthur Virmond de Lacerda Neto.

5.III.2017.

A sou eu;

B namorava Mateus,

C, conhecia-o de privança,

D usava bonete

E usava chapéu,

F andava em cabelo,

G cobria-se com barrete,

H usava pulseiras,

I portava pingente,

J desviou o rosto quando nele reparei,

K sorriu-me e acenou-me ao ver-me,

L abraçou-me com efusão,

M correspondeu-me ao cumprimento com frieza

N supreendeu-se ao se me deparar,

O esgueirava-se por entre a gente,

P empurrava a outrem se sem esgueirar,

Q era álacre com todo o povo,

R tinha cabelos pintados de escarlate,

S usava belas melenas e banda,

T, dele esquivei-me,

U supôs-me catarinense,

V perguntou-me se sou brasileiro,

W surpreendeu-se ao saber-me professor,

X pediu-me cigarro que não tinha eu, por não fumar,

Y enfezou-se comigo quando esbarrei nele, ao me empurrarem,

Z beijou-me, e ainda bem: mais letra não há e se não fora ele, não seria ninguém. 

27 bebeu etílicos,

28 bebeu etílicos demais,

29 bebeu etílicos ainda mais,

30 vomitou,

31 dormiu, alcoolizado,

32 beijou dois em simultâneo,

33 trajava-se excentricamente,

34 bailava,

35 cantava,

36 deitou-me olhares,

37 levava-me olhares,

38 beijou bocalmente 39

39 entregou-se voluptuosamente a 38,

40 era mulher e beijou outra,

41 tinha cabelos nacarados,

42 fingiu desconhecer-me (era curitibano),

43 fitou-me e não me cumprimentou (outro curitibano),

44 ouviu-me frases sedutoras,

45 deixou-se-me seduzir,

46 pediu-me bebida e neguei-lha

47 pediu-me água e dei-lha,

48 pousou a cabeça no meu peito,

49 agregou-me à sua camarilha de amigos, para que me não quedasse só,

50 indagou-me se não bebo etílicos e respondi-lhe que só água,

51 reputou elogiável que senhor da minha idade andasse em balada juvenil,

52 perguntou-me se sou hetero ou homo,

53 indagou-me o mesmo,

54 foi igual ao anterior,

55 inspirou-me o poema “Zeus cristão”,

56 é-me vizinho e simpático,

57 é-me vizinho e antipático,

58 engordou,

59 usava bermudas curtas, em voga,

60 usava barba,

61 também,

62 também,

63 também,

64 declarou-se hetero,

65 esbarrou em mim e pediu-me desculpas,

66 fez o mesmo a outrem,

67 era viraga,

68 era efeminado,

69 abraçou-me (e outros também)

70 encantou-se por mim,

71 reconheceu-me e, por não saber quem eu era, não me veio  falar,

72, com ele palestrara pelo Facebook e lá o conheci presencialmente,

73 por pouco não foi residir comigo,

74 indagou-me a minha idade,

75 foi-me aluno e não me falou,

76, confundi-o com um amigo,

77 reagiu-me com frieza quando o cumprimentei,

78 esquivou-se de mim por duas vezes,

79 pareceu-me entristecido e tive-lhe dó,

80 disse-me que tenho sotaque diferente,

81 inquiriu-me se sou docente,

82 estava duvidoso se era homo ou hetero e esclareci-lhe,

83 a ele, falei-lhe de antepassados e ele nada percebeu,

84 a ela, disse-lhe quem me odeia e porquê,

85 era introvertida por demais e confirmou-me ser curitibana,

86 a ele, falei-lhe e ignorou-me, pelo que concluí ser curitibano,

87 era futilíssimo e do norte do Paraná,

88 com realismo dizia que, de alguns,“se juntar dois,  não dá um”,

89 era de Cascavel e amistoso; sobre curitibanos falamos,

90 era igual ao anterior e desejou-me,

91 era igual aos dois anteriores e desejei-o,
92 era fusco, insinuei-me, ele sorriu-me largamente e foi-me a pérola do dia.

Andava tudo feliz e alegre, com liberdade sem medo.

Assim folgávamos, assim nos entretínhamos e assim gozávamos a vida em folguedo.

(Todas as situações são verdadeiras e ocorreram no bar do Simão, em Curitiba.).

 

              LETRAS ENIGMÁTICAS.

22.VI.2017.
A interessou-se por B, que se interessou por C, que lhe confessou diferentes gostos; D interessou-se por B, que lhe foi recíproco.
A e C são simpáticos; B, nem sempre o é, em funções, contudo, pessoalmente, sabe sê-lo.
B terá (já as tem) boas lembranças de A, C e D (de outras letras, também).
D desconhece A e C; deita elogios a B. Quiçá, um dia, ande tudo junto e tudo amigo (com outras letras, também ?): formariam seqüência: A, B, C, D.
Assim o fora, e teria B pequena alegria, a da convivência com quem a quem estima. É-lhe devaneio – devanear com o que inspira e alegra é saudável excogitar e feliz meditar.
Mais não digo. Não em público.

(Para os curiosos: B, sou eu, Arthur. A, C e D, existem.).

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