O professor calcula e lança dezenas de notas, para dezenas de alunos, como responsabilidade sua, pessoal e exclusiva. Efetua os cálculos sozinho, em prazos exíguos, em meios aos seus afazeres cotidianos.
Como todo humano, é falível, falha e falhou:
1) Falhou pois atribuiu nota a menos. O aluno prejudicado prontamente procurou-o, para defender os seus interesses e reivindicar a nota que lhe era devida, sonegada por lapso de cálculo.
2) Falhou pois atribuiu nota a mais. O aluno indevidamente favorecido, ao invés de procurar o professor, para pedir-lhe a nota justa, calou-se e aproveitou-se do lapso de cálculo.
Divulgou haver diferença entre a nota devida e a atribuída; a informação propalou-se; parte dos seus condiscípulos revoltou-se contra o professor, por (na obviedade da aparência) favorecer indevidamente a alguns. O professor falhou na sua ética. Nenhum dos revoltados nem dos eventuais não revoltados identificou, para o professor, os (alegados) beneficiados (ainda menos os próprios).
A calúnia subsiste: o professor favorece alunos.
Já o cardeal Mazarino advertia: “Jamais esperes que alguém interprete favoravelmente teus atos ou tuas palavras” – máxime em presença de notas baixas, adiciono eu.
Alguns, serenos e amadurecidos, procuram averiguar os fatos e elucidá-los; são minoritários.
MORALIDADE: atribuir a cada um o que é seu, viver honestamente, não prejudicar a ninguém (preceitos romanos); proceder corretamente e ser ético, incumbe ao professor; certos alunos adotam dois pesos e duas medidas, desde que em favor próprio.
Na vida como na escola ?
(E eu que pensava que falha a ética de quem se beneficia com o engano alheio e convém com a calúnia que se assaca ao autor do engano !).
Bom aluno estuda; mau aluno resmunga, tumultua e é ardiloso. Sempre foi assim.
O professor ensina os bons alunos, embora fale para todos.