Inépcia anti-positivista

                                               Inépcia anti-positivista

                                                                          2006

 

 

  Quanto mais leio A. Comte, mais me convenço do que já sei há tempo: no Brasil, a maior parte do que se escreve sobre o Positivismo é ignorância e tolice, desonestidade e marxismo.

    Há  críticas ao P. que o próprio Comte previu e esclareceu e portanto, formulá-las é confissão de que o crítico não leu Comte, ou não o leu por inteiro. Ex.: a lei dos 3 estados é falsa porque a teologia, e a metafísica e a positividade convivem: é o que o próprio Comte disse mais de vez. Ex.: o P. é determinista, porque a ordem é imodificável; quando Comte proclamou que os fenômenos mais nobres são os mais modificáveis.

    Há críticas levianas, de quem atribui ao P.  intenções que não lhe pertencem, mediante a distorção do significado das palavras. Ex.: o P. é autoritário porque quer uma ditadura. Ora, em Comte, ditadura é sinônimo de governo, qualquer governo e a ditadura republicana é um regime de liberdades, de todas elas.

  Há críticas ideológicas, de quem seleciona no P. o que lhe convém para atacá-lo. Ex.: porque Comte defendeu a propriedade privada, é uma ideologia a serviço da burguesia, quando ele proclamava como problema social magno, a incorporação do proletariado na sociedade moderna.

   Há críticas desonestas, de quem, conhecendo os fatos, ignora-os, para atacar o P. fora do contexto histórico. Ex.: um escriba brasileiro que acusa os positivistas de serem os responsáveis por o Brasil não ter tido universidades antes de 1911; esse mesmo escriba menciona, na bibliografia dos seus livros,outro, que demonstra abudantemente o oposto disso.

   Há críticas ignorantes, de quem fala do P. sem o haver lido Comte nem os positivistas. Ex.: um livro que profere certas afirmações sobre o P., e em cuja bibliografia não figura nem Comte nem nenhum dos seus discípulos, de nenhum idioma, nem nenhum dos seus explicadores.

    Há críticas fantasiosas, em que o crítico imagina, inventa, fantasia coisas, as mais extravagantes, mais fora da realidade, mais contrárias à obra de Comte e às realizações dos seus adeptos. Ex.:  um sujeito no RS, segundo quem o "Apelo aos conservadores" é um golpe para manterem-se estruturas de dominação; há, por outro lado, outros, que  odeiam a CLT porque  proteje os trabalhadores e odeiam o P. por havê-la inspirado:  esquerdistas e direitistas são igualmente parciais: quem não está com eles, está contra eles.

    Não sei o que é pior: se a ignorância de quem fala do que não conhece, se a parcialidade de quem vê tudo segundo o marxismo, se o pedantismo de quem mete-se a dar palpite sobre o que conhece de segunda mão, se a desonestidade de quem ataca o P. como um objetivo fixo.

    O que sei é que a maior parte do que atualmente se publica no Brasil, sobre o P., é lixo; não porque os autores discordem de Comte ou o critiquem, e sim porque não o leram, se o leram, não o  entenderam, ou leram-no segundo o marxismo, ou porque conhecem-no por ouvir dizer e repetem, interpretando-as, as interpretações alheias.

    Que papel cabe aos positivistas, nesse contexto?

    1- Estudar Comte. Lê-lo, relê-lo, entendê-lo; o mesmo quanto aos seus discípulos (Laffitte, Littré, Lonchampt, Robinet, Lemos, Mendes, Lins etc.).

    2- Corrigir os erros de quem neles incide de boa-fé, para informar e esclarecer.

    3- Denunciar as críticas ignorantes, levianas, maliciosas ou tendenciosas: que não fique sem resposta nenhuma, que as respostas sejam severas, tanto mais quanto pior a desonestidade e a ignorância.

    É o que tenho feito: comigo, agora, é à pancada.

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