Brasil “colônia” ? Portugal opressor ?

 Idéia, errada, do Brasil como colônia. Idéia, literária, dos malefícios da governação portuguesa no Brasil.

Escreveu o brasileiro Tito Lívio Ferreira, em História da educação Lusobrasileira (1966):

“Porque não pesquisam, não estudam, não analisam, repetem erros alheios com muita imaginação, muita fantasia e muitos adjetivos. Está neste caso, o “Manal bibliográfico de estudos brasileiros”, onde se lê: “A. Brasil-Colônia”. Ora, nos documentos dos séculos XVI, XVII e XVVIII até 1822, não há essa palavra explosiva. Foi forjada, em começos do século passado, pelo escritor inglês Robert Southey, ao traduzir para o seu idioma as expressões: Província de Santa Cruz (1500-1548) e Estado do Brasil (1548-1815). Nesse caso, e nesse tempo, Província era sinônimo de Estado. Assim como hoje, Estado de São Paulo equivale a Província de São Paulo. O equívoco de Southey continua nos escritores de hoje. Êle publica a sua”History of Brazil” em 1812. Onde estava, nos documentos, Província de Santa Cruz e Estado do Brasil, êle generaliza e traduz: colônia, com os olhos nas colônias inglesas da Nova Inglaterra […]. Também não hesita ao traduzir para o inglês as palavras povoadores, povoamento, para colonos, colonização, colonizadores. E o equívoco de Southey pegou, quem nem tiririca, nos jardins literários onde lavram historiadores e escritores da história. (pág. 3 do prólogo).

[…]

Dentro dessa linha de idéias, isto é, do julgamento literário, está o autor do capítulo Educação, escrito especialmente para o citado “Manual bibliográfico de estudos brasileiros”. Êsse escritor revela ausência completa de formação científica e de informação histórica, ao escrever: “Compungitivo quadro o que Moreira de Azevedo traçou, em 1892, da civilização brasileira nos dois primeiros séculos da colonização (?) portuguêsa. Portugal só queria que o Brasil produzisse ouro, prata, brilhantes (sic), e produtos naturais. Embaraçava o comércio, não atendia à indústria, mandava destruir os teares de Minas Gerais e proibia os oficiais de ourives, gravadores e fundidores na Capitania de Minas, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Não atendia à cultura literária da colônia (?). Não consentia que circulassem livros nem quaisquer impressos, não tolerava que se estabelecesse tipografia alguma, nem uma escola mandava criar onde se ensinassem os elementos rudimentares da instrução. […] Sepultado na ignorância, era governado o povo pelo despotismo, pelo temor, era pobre e o Estado rico, vivia abismado no embrutecimento e na ignorância.

            O quadro literário, colorido e adjetivado pelo escritor, não é, felizmente, a expressão da verdade histórica. É a promoção dialética da mentira dourada pela fantasia romântica. Os documentos provam justamente o contrário. No entanto, os escritores copiam-na, os autores de livros didáticos repetem-na e os professores gravam no cérebro dos estudantes estas falsidades […]” (p. 4 do prólogo. Grifei.).

 

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