“ENTÃO… [ES] TÁ?”. “A GENTE”.
É peculiar como muitas pessoas têm vícios de linguagem, sobretudo quem lida com o público, no comércio e nos serviços: principiam muitas frases com “Então” e terminam quase todas com o chatérrimo “tá?”. Por exemplo:
-Então… eu liguei para o senhor, tá?
-Então… podemos entregar hoje ou amanhã, tá ?
-Então… hoje temos bife de fígado, tá ?
Tá, tá, tá, tá, tá.
O “então” está a mais, é inútil. O “está?” no final de todas as frases é pergunta inútil e sem sentido, é repetição chata. Ambos são ruídos.
Também é ruído a locução pobre “a gente”: “a gente”, quem ? Eu, você, nós, eles ? Atente em que os usuários desta praga de “a gente” repetem-na insistentemente e não sabem comunicar-se sem ela:
-Uma pergunta que a gente tem que fazer é para onde a gente vai; sem ela a gente fica sem rumo e a gente perde a noção das coisas que a gente tem que ter. Mas se a gente responde ela, então a gente ganha um sentido para a vida da gente.
“A gente” é coisa de pobre: pobre de idioma.
“Então…”, “tá ?”, “a gente” são vícios, são defeitos, são ruídos, são feiúras. Evite-os.
Não me venham com a cantilena ininteligente (burra) de que a língua é dinâmica, muda, evolui. Devemos reagir contra toda mudança para pior, como é o caso, que introduza ruídos e prolixidades, que nada acrescentam e são inúteis.
Atente em que essas coisas propagam-se por imitação: de ouvi-las, as pessoas repetem-nas. Espanta-me que imitem o ruim e que pretendam justificar tolices a título de “mudança do idioma” como se toda mudança fosse desejável.