PRECONCEITO DO BRASILEIRO. Muitos brasileiros são preconceituosos contra o seu próprio corpo e contra a nudez.
O corpo não é vergonhoso; a nudez não deve ser motivo de vergonha. Enquanto na europa há centenas de praias de nudismo e de campos de nudismo, enquanto o europeu já superou a vergonha do corpo e encara a nudez com a maior naturalidade, o brasileiro ainda reprime as mamas ao vento nas praias: se uma mulher apresenta-se no areal com um trapinho que lhe esconde o bico do seio, está decentemente “vestida”; se expõe as mamas, está indecentemente “vestida”, provoca os olhares dos que nunca viram tal (os brasileiros nunca viram tal), a censura de gente bitolada e a intervenção do policial.
Para mim, este conceito de decência é completamente sem sentido e este tipo de repressão também não me faz sentido nenhum. Que mal há em a mulher expor os seios na praia? Mal nenhum.
As sungas são cuequinhas destinadas a expor o máximo e a encobrir o pênis. Que mal há em expor o pênis? Mal nenhum.
As mamas são indecentes? O pênis é indecente? Onde está a respectiva indecência? Não há indecência nenhuma; há uma mentalidade completamente irracional e estúpida, que as pessoas repetem por imitação e em que introjetam uma vergonha totalmente artificial.
É a mentalidade do brasileiro, rotineira, arcaica, repressora, tola, machista. Na França, na Grécia, na Espanha, na Alemanha, na Inglaterra, no México, as mulheres não tapam os seus seios: elas não se envergonham do seu próprio corpo.
Mas, no Brasil, incute-se, em muitas pessoas, o sentimento de vergonha do próprio corpo. Não faz sentido. Não faz sentido.
Eis uma diferença entre o primeiro mundo e esta parte dele, em que, aqui, o brasileiro mantém este preconceito, esta repressão, esta vergonha. Nenhum deles faz sentido.
Sou a favor do desnudamento integral em todas as praias: o corpo é natural e não deve ser motivo de vergonha. A vergonha está na sua cabeça atrasada e nos seus conceitos artificiais.
Agora, observe bem a fotografia e pondere, durante um minuto, se o seu preconceito faz algum sentido, se a vergonha que você sente do seu corpo faz sentido, se faz sentido o policial mandar a mulher tapar os seios, se faz sentido os homens entrarem de cuecas no chuveiro das academias, se faz sentido esta mentalidade. A legenda do cartaz é :”Nuestro cuerpo es bello y puro. Nuestros juicios sucios y impuros”. O nosso corpo é belo e puro; os nossos julgamentos, sujos e impuros. Nossos? Vossos, ó brasileiros!
Vamos erradicar este preconceito e acrescentar liberdade de costumes. Se gostou, divulgue esta idéia.
(A fotografia abaixo foi censurada pelo Facebook, em 28. VII. 2014. O que é que ela contém de indevido, obsceno, inconveniente, imoral, escandaloso ?? Assim atua o preconceito: impedindo os outros de verem o que o preconceituoso não quer ver. Ele não quer ver; por isto, impede outrem de ver. Se não gosta, não veja, mas não impeça os outros).
Compartilho com a idéia, mas discordo da afirmação de que este é um preconceito do brasileiro. Trata-se de uma cultura ibero-americana fortemente marcada pela moral católica vinda exatamente da Europa(Portugal e Espanha). Essa postura pode ser notada em todos os países colonizados pelos ibéricos, como também, nas antigas metrópoles.
Eu não disse que é preconceito exclusivamente dos brasileiros; sê-lo, não exclui que também o seja de outros povos, no caso, dos ibéricos católicos. Ao contrário, fui explícito em outros artigos acerca do mesmo capítulo, que o pudor e a gimnofobia decorrem da moral católica e teológica, incutidas nos brasileiros desde o início da nossa colonização pelos jesuítas portugueses. Não culpo os portugueses e sim os jesuítas, a igreja, o catolicismo, a teologia. Vide “A nudez é inocente”, “Nudez e vergonha do corpo”; “Teologia da nudez”, em Jornal Olho Nu, edições de junho, julho e agosto de 2015, na parte Reflexão.