“Telemóvel” e não “celular”. “Cópia” de livro. “Paper” ?

 

     TELEMÓVEL.

2.8.2017.
Celular é a tecnologia do aparelho e não o tipo de telefone. Há telefones fixos de tecnologia celular. São fixos celulares.

Quando se introduziram os telefones portáteis no Brasil, passou-se a chamá-los de celular, por desconhecimento 1) de que celular designa a tecnologia e não o objeto, 2) de que o objeto pode ser chamado de telemóvel, palavra perfeitamente racional, como neologismo.

Em Portugal, diz-se telemóvel; na Espanha, na Argentina, no Chile, no Uruguai, na Bolívia, na Colômbia, no Peru, diz-se “móvil” (pronuncie “móbil”) ou seja, móvel.

Note o contraste entre o que se passa no Brasil e nos demais países que citei: em todos eles, usa-se o termo apropriado, exceto aqui.

Objetar-se-me-á que celular é o termo apropriado, no Brasil, porque é por ele que, aqui, se designa o aparelho em causa.

O termo celular não é o termo apropriado – é o termo corrente. Ser corrente não significa que seja o correto. Correto é telemóvel, ainda que a totalidade das pessoas diga celular.

Objetar-se-me-á que o uso esmagador (quantidade) legitima o vocábulo (qualidade) e que a palavra celular desempenha o papel de propiciar comunicação e entendimento; dir-se-me-á que ela é útil e eficaz. De acordo. Constato o fato. Constatá-lo, pura e simplesmente, de modo “positivista” (repugna-me o emprego espúrio deste termo) em nada mitiga a origem transviada do uso que se faz da palavra celular para indicar o telefone móvel.

Uma coisa é a constatação empírica, “positivista”, do fato. Outra, é a análise da qualidade do fato, a sua crítica, a sua transformação.

Linguagem também é isto: não a sujeição servil e passiva aos usos e aos maus usos; é, também, a análise dos usos, o ajuizar sobre eles, o enaltecer uns e reprovar outros. Diria que isto, na verdade, corresponde ao exercício da inteligência em contraste com a prática da passividade, aplicável não apenas aos usos lingüísticos, como aos valores, aos comportamentos, às mentalidades.

O que “está aí” nem sempre é bom, correto, desejável porque “está aí”, ainda que a maioria pense que o é e o aceite. Houve tempo em que a maioria aceitava a escravidão e professava homofobia, até que se exerceu juízo crítico acerca de ambos. Hoje, a maioria brasileira diz celular.

 “EXEMPLARES” DE LIVRO E NÃO “CÓPIAS”.
“PAPER” ? QUE LIXO DE PALAVRA É ESTA ?

Em português, fazem-se exemplares dos livros; cada unidade de livro chama-se de exemplar e não “cópias”. Em inglês, os exemplares chamam-se de “copies” (singular: “copy”).
Mas “copies” não se traduz por “cópias” e sim por “exemplares”.

No Brasil, certas pessoas sabem ler em inglês e traduzem literalmente para o português, ou seja, imitam o inglês; daí inventaram o erradíssimo “cópia”. É mais um anglicismo à solta, mais uma porcaria lingüística que alguns desavisados introduziram e que os outros desavisados repetem.

Cópia, em português significa: 1) exemplar de livro; 2) grande quantidade. Por exemplo: choveu copiosamente = choveu em grande quantidade; tenho cópia de relógios = tenho grande quantidade de relógios.

E que diabos é isto de “paper”, nas faculdades ? É o supra-sumo do grotesco. Há:
trabalho,
redação,
monografia,
composição,
atividade,
exercício,
relatório.

“Cópia” de livro é mau português, é português porcamente imitado do inglês. Em “paper”, o sujeito sequer se deu ao trabalho de traduzir e é vício pedante dos nossos professores universitários.

Esse post foi publicado em Telemóvel., Vício de linguagem. Bookmark o link permanente.

Uma resposta para “Telemóvel” e não “celular”. “Cópia” de livro. “Paper” ?

  1. Delmiro disse:

    Gostei sao informacoes que norteiam e aprimoram nossos conhecimentos tao raros em nossa sociedade.

Deixe um comentário