Para a CNN.

MANDEI PARA A CNN.

“Para Willian Haack e demais locutores da CNN:

Os locutores da CNN costumam usar a expressão “a gente” e não os pronomes eu, nós, eles, vós. Esta expressão é do uso popular, porém não é melhor do que os pronomes retos (eu, tu, ele, nós, vós, eles); ela é equívoca, pois dependendo do contexto, pode signficar EU, NÓS, ELES, ou pessoas indeterminadas. A boa comunicação, a comunicação de qualidade, pela qual deve primar o comunicador profissional, deve exprimir exatamente quem fala, de quem se fala, para que se fala, que a expressão “a gente” dissimula e que os pronomes eu, tu, ele, nós, vós, eles explicitam.
“A gente” é equívoco e sempre depende do contexto para saber-se a quem se refere. Os pronomes retos jamais são equívocos e jamais dependem do contexto para
saber-se a quem se referem.
“A gente” é pobre e inferior e também é chata: é muito chato ouvir os locutores repetirem-na várias vezes, sempre a mesma coisa, o mesmo cacoete. Ela é cacoete, é vício. Atente em que quem a usa, repete-a várias vezes e acaba por referir muitas ações (muitos verbos) a “a gente”. “A gente” quem ? “A gente” quem ?
Procurem ser específicos em relação a quem fala, de quem se fala, para quem se fala: usem os pronomes eu, tu, ele, nós, vós, eles e as respectivas conjugações. É correto, bonito, elegante, preciso e não é chato. “A gente” já cansou.
Podeis dizer, corretissimamente, “isto é vosso”, “digo-vos”, “vossa decisão”, “podeis opinar”, “tendes razão”. É riqueza do idioma e não é porque o povão não usa “vós” que vós não o podeis usar. Podeis: deis o exemplo, acostumai-vos, acostumai-os, acostumai-nos.
Outro cacoete: “No Brasil, você tem uma epidemia, você tem uma população grande, você tem problemas”. “Você tem?” “Você”, quem ? Isto é cacoete, é vício, é mania de que imputar situações a “você”, que não é o interlocutor, não é ninguém. Isto é defeito de comunicação.
Enquanto Willian, os outros locutores, os repórteres falarem assim, sem nenhum esforço por serem melhores do que o desleixo reinante, sereis mais do mesmo, mais da mesma chatice, do nível que poderia ser melhor e não é; serão apenas mesmice e chatice. Faz-vos falta, na CNN, alguém que zele pela qualidade com que seus apresentadores se comunicam: deixa muito a desejar, pode ser melhor.
Sei que pretendeis audiência e que, para tal, falais o que o povão entende, nem sois professores de português. Mas não trateis o povo como burro, não inferiorizeis vossa profissão e vosso desempenho. Comeceis por dizer: eu, tu, ele, nós, vós, eles. Basta de “a gente”.”

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