Texto sem mesóclise é texto pobre.

 

TEXTO SEM MESÓCLISE É TEXTO POBRE.
Mesóclise é a colocação do prenome no meio do verbo, é o pronome entremeado no verbo, usável no futuro: dar-lhe-ei, poder-se–a, fá-lo-ia, e não: lhe darei, se poderá, o fará.
Escritores e escrevinhadores brasileiros ou têm preconceito contra a mesóclise ou a ignoram, como a ignora a maioria dos estudantes (até de direito). Sequer sabem que existe.
Texto em que predominam próclises (“se considerará”, “o faremos”), em que há raras ênclises (“reduz-se”, “pode-se”) e nenhuma mesóclise, é texto pobre. Autor que não sabe a mesóclise é autor pobre; autor que tem vício de próclise é autor pobre.
QUEM ESCREVE SEM MESÓCLISE, ESCREVE TEXTOS POBRES. QUEM NÃO A SABE USAR NEM A ÊNCLISE, É AUTOR DE SEGUNDA CATEGORIA.
Próclise em lugar de mesóclise é HORRÍVEL (“se poderá”, “o venderei”).

MESÓCLISE PEDANTE ?

O apodo de “pedante”, aplicado à mesóclise ou a mim, por preconizá-la, é revelador do estado de coisas no âmbito do uso dos recursos do idioma no Brasil. A mesóclise é recurso obrigatório em dados contextos; ela introduz variedade plástica e sonora; é riqueza e beleza de nosso idioma, existente há séculos.

Porém algumas décadas de: 1) negligência no ensino do idioma, 2) sociolingüística, 3) exaltação do desleixo (“pode falá de qualqué jeito mais tem que escrevê direitinho”) e, finalmente 4) preguiça, opção pelo mais fácil, resultaram no desuso da mesóclise e na mentalidade de que a mesóclise é pedante.

Parte do etos e do pathos da mediocridade nela se concentra e ela o revela; etos e pathos em que a mesóclise “pedante” é apenas indício de realidades muito maiores: analfabetismo cultural da maioria de nossos universitários, inutilidade da maioria da produção universitária brasileira, cacoetes e vícios inúmeros nas comunicações vulgares, português mal falado e abundantes brasileiros cuja capacidade de comunicação é incapaz de elevar-se por sobre a média, rasa, de seus conterrâneos. E, claro, quando escrevem, é de lamentar, o que inclui gente jurídica. Se devesse qualificar com uma palavra este estado de coisas, diria: reles. Se devesse empregar uma palavra para adjetivar o rumo do idioma que levou à sua qualificação, diria: involução, sinônimo de empobrecimento. O pessoal jurídico também não sabe usar a mesóclise e mal a ênclise.
Quando recurso bonito, correto, enriquecedor e até obrigatório do idioma passa por pedantismo, há algo de errado, não com o recurso nem com o idioma que usamos e sim com quantos o julgam por esta forma.

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