VÍCIO DE REDATORES BRASILEIROS. NO BRASIL NÃO HÁ “IMPEACHMENT”.

Vício da duplicidade, cafonice de redatores brasileiros. 

É superstição pensar que não se pode repetir o sujeito da frase. Pode-se; é feio inventar-lhe substitutos no que se chama vício da duplicidade, como:

Moro admite ser candidato em 2022, dizem interlocutores do ex-juiz.

Há Moro e há ex-juiz, como se fossem duas pessoas, porém é uma só. Sem vício:

Moro admite ser candidato em 2022, dizem SEUS interlocutores.

Perceba como o pronome diz a mesma coisa sem dubiedade. Note que na primeira construção “ex-juiz” não está ali para transmitir a informação de que ele é ex-juiz e sim como cacoete de redação. Se quiser dizer que ele é ex-juiz, escreverá:

Ex-juiz Moro admite ser candidato em 2022, dizem SEUS interlocutores.

Ação contra Lula prescreve e político é beneficiado.

Há Lula e há político, como se fossem duas pessoas, mas é a mesma: o político é Lula. Duplicou-se o sujeito Lula.

Sem vício: Ação contra Lula prescreve e ELE é beneficiado.

Papa abençoou crianças; a seguir, os pequenos humanos agradeceram ao chefe do cristianismo.

Papa abençoou crianças que, a seguir, agradeceram-LHE.

Note nestes exemplos o rebuscamento da duplicidade:

Bonde é restaurado; pequeno veículo já funciona. Bonde é restaurado; ele já funciona.

Novo anúncio de Biden surpreende eleitores do presidente. Novo anúncio de Biden surpreende seus eleitores. Novo anúncio do presidente Biden surpreende seus eleitores. Novo anúncio de Biden, presidente, surpreende-lhe os eleitores.

A construção com duplicidade já cansou, é rebuscada e cafona; é vício que passa por bom estilo. Não é bom estilo, é defeito de redação. Use pronomes: ele, ela, eles, elas, seu, sua, seus, suas, dele, dela, deles, delas, lhe, lhes, lho, lhos, lha, lhas, cujo, cuja, cujos, cujas. À conta dele, os jornalistas brasileiros desaprenderam a usar pronomes; o pronome lhe mal sabem usar; os pronomes contratos lho, lhos, lha, lhas, sequer sabem que existem.

lho = lhe + o. Dei o lápis para você > Dei-o lhe > Dei-lho.

lha = lhe + a. Vendi a régua para você > Vendi-a para você > Vendi-lha.

Eles pertencem à língua portuguesa; não são “português de Portugal”, não são “recursos literários”, são recursos de comunicação. Bem brasileiro é o vício da duplicidade e os jornalistas brasileiros vexatoriamente já não saberem usar pronomes. Incumbe-lhes usarem bem o vernáculo e darem o exemplo: o vulgo imita o que lê nas gazetas.

NÃO HÁ “IMPEACHMENT” NO BRASIL.

“Impeachment”  (alô, alô, redatores da Gazeta do Povo e da Folha de S. Paulo !) como estrangeirismo, deve ir entre aspas ou itálicos ou sublinhada. No Brasil não há impeachement do presidente nem seu impedimento. Falar em impeachment é ignorância de nosso sistema constitucional, além de estrangeirismo bobo. Nos EUA, o impeachment mantém o presidente no cargo, porém retira-lhe poderes; ele continua presidente, porém a nada preside. No Brasil, o presidente perde o cargo, é destituído da presidência.

EUA: impeachemnt do presidente.

Brasil: destituição do presidente, do ministro do STF, da autoridade.

Brasil: destituição do presidente, do ministro do STF, da autoridade.

Brasil: destituição do presidente, do ministro do STF, da autoridade.

Brasil: destituição do presidente, do ministro do STF, da autoridade.

Destituição, destituição, destituição.

 Vamos entender essa diferença, de uma vez por todas, e cessar o erro de constituição e o uso totalmente errado de palavra aplicável somente no sistema jurídico dos EUA.

Arthur Virmond de Lacerda Neto.

Educador lingüístico.

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