A Playboy e as igrejas.

PLAYBOY E AS IGREJAS. Acerca da recente decisão da revista Playboy, de cessar a publicação de nudez feminina, alguém publicou uma gravura em que exortava os religiosos a levarem os seus filhos à igreja, para evitarem de, no mundo, verem pornografia. No mundo, aprende-se como é o corpo das mulheres e que os homens têm libido e que ambos, corpo e libido, são normais e naturais. No mundo, aprende-se a viver a vida com espontaneidade,naturalidade e sem complexos. Na igreja, ocultam-se o corpo e a sua beleza, a libido e a sua naturalidade; aprende-se a vergonha do corpo, a culpa pela libido, a repressão da sexualidade, o desequilíbrio emocional. Não leve o seu filho para a igreja: preserve-o de culpas artificiais, de pecados imaginários, de pudores ridículos, de ignorâncias que se mantêem a título de pureza. Demais, o que estimula a pornografia é precisamente a mentalidade repressora da nudez, tão cara às igrejas: quem não se sente agrilhoado pela retórica corpo=sexo=pecado=culpa, e sente curiosidade de ver corpos, só tem um caminho, o da pornografia. Se não se reprimisse a nudez, se não houvesse a somatofobia que os pastores e os padres enaltecem, se as pessoas estivessem afeitas à nudez natural, não teriam curiosidade de ver nus e não haveria pornografia. Demais, que mal há em ver pornografia ? Mal nenhum. O que cada um vê, é da conta dele. É como tudo: se alguém quer e gosta, que veja; quem não quer ou não gosta, não veja. Entre a Playboy e as igrejas, prefiro a Playboy, com mulheres nuas, e as revistas homossexuais, com homens nus: nu por nu, o belo é belo nos dois gêneros (aliás, é a lição dos gregos, que os cristãos repudiaram. Entre os gregos e os cristãos, prefiro os gregos).