“Preço” e não “valor”. Preposições. “Pré-agendar”.

“PREÇO” E NÃO “VALOR”.
No comércio, o povo pergunta o “valor” da mercadoria; nos serviços, o atendente diz o “valor” da consulta (por exemplo) médica.

Entendam, de uma vez por todas, que valor não é preço, e acabem com esta burrice.

As coisas que se compram e os serviços que se prestam, têm PREÇO. PREÇO é o quanto se paga, com dinheiro, pela mercadoria ou pelo serviço; elas custam certa quantia fixa, objetiva, determinada,que o freguês paga.
Preço não é valor. Valor é o quanto vale, a estimativa subjetiva, variável, relativa da importância da coisa. A consulta médica pode VALER imensamente, se salvar a vida do paciente, porém por ela não se paga valor e sim PREÇO.
As coisas têm valor e preço; elas custam PREÇO e não valor.
-Quanto custa ?
-Qual é o PREÇO ?
-Qual é o PREÇO ?
-Qual é o PREÇO ?
-Qual é o PREÇO ?

“VAI QUERER ?”.

Vamos terminar, de uma vez para sempre, com a burrice do “Vai querer recibo ?”, “Vai querer suco ?”, “Vai querer quantos ?”.
A pergunta refere-se ao PRESENTE, a AGORA; logo, o verbo tem de ser no PRESENTE e não no FUTURO, ou seja: “QUER recibo ?”, “QUER suco ?”, “QUER quantos ?”, “Quantos QUER ?” “QUER um ?”, “QUER dois ?”

– Desejo uma garrafa branca.
-Não vai ter.
– Certo; quero uma.
-Não vai ter.
-Não vai ter ou não tem ?
-Não tem.

Percebeu a diferença ? Se não percebeu, há algo de errado com você, com seu conhecimento, com seu discernimento.

Chegaram ao cúmulo de dizer-me:
-Não vai ter (FUTURO) neste momento (PRESENTE).

Chega de burrice à solta (especialmente na cidade culta, européia e tradicional que é Curitiba).

Se gostou, compartilhe, para propagar o certo. É dever de cidadania fazê-lo.

 

 

PREPOSIÇÕES OMITIDAS.
Sinal evidente da degradação do idioma no Brasil é a supressão das preposições, sinal, aliás, infalível de conhecimento raso do idioma.
Sua supressão sempre resulta da lei do menor esforço, ou seja: da preguiça, quando não da ignorância. Que se pode esperar de país em que os jovens doutores com doutorado são redatores reles (em geral), em que o povão não sabe dizer “São dois” (sabe somente “É dois”) e em que ministro da Educação comete cincada ?
Negligên
cia de escolas e de professores é a de não ensinarem a mesóclise (“Dar-lhe-ei”) nem as segundas pessoas (“Tu vieste?”; “Concordo convosco ou discordo de vós”). Elas existem e são usáveis; são recursos que existem para você promover sua comunicação.

Atente nestas preposições:

Responder A alguém. Respondo A fulano. João respondeu A Teresa.

Devido A algo. Devido AO que ocorreu. Devido ÀS ensinanças.

Esforçar-se POR. Esforço-me POR aprender. Fizeste esforço POR melhorares.

Igual A algo. Igual AO livro. Iguais A mim (e não: “Iguais eu”).

Concordar COM. Discordar DE (é coisa de ignorante dizer “Discordo com”).

A língua muda ? Há mudar e mudar. Empobrecer é mudar para pior. A presença das preposições e seu uso correto distinguem o idioma bem sabido e bem usado, do medianamente bem sabido e bem usado.

A ausência de várias preposições em diferentes situações revela o estado do brasileiro supostamente letrado, quanto ao vernáculo: estado de sub-conhecimento, de despreparo, de desleixo. Anos a fio de desprezo pela gramática, de glorificação das “variantes”, do popular, do mudancismo, resultaram nisto.

 

“PRÉ-AGENDAR”.

Uma pessoa combina com outra de se encontrarem: elas MARCAM encontro, COMBINAM encontro, APRAZAM encontro.
Se bem percebi, alguns chamam a isto de “pré-agendar”. Chamar de “agendar” é metafórico, pois agendar é (com verbo inventado), marcar na agenda. Se não marcaram na agenda, não agendaram.
Uma vez que combinem, está “agendado”. Que significa, então, “pré-agendar” (sinônimo de “pré-marcar”) ? Agendar antes ? Antes de quê? Parece-me significar: marcar provisoriamente, até confirmação.

Marcar: determinar o dia ou a hora do encontro.
Pré-marcar: marcar antes de marcar; quer-se dizer marcar provisoriamente, sujeito a confirmação.
Agendar: escrever a marcação na agenda.
Pré-agendar: escrever a marcação na agenda antes de escrever a marcação na agenda; quer-se dizer marcar provisoriamente, sujeito a confirmação.

Marcar provisoriamente, marcar em princípio, marcar sujeito a confirmação, são fórmulas bem melhores do que “pré-agendar”.

A língua faz sentido; ela é inteligente. Use-a com sabedoria.
A língua muda, porém nem toda mudança é valiosa nem inteligente; ao contrário.

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