É ERRADO PENSAR QUE A MESÓCLISE É PEDANTE.

É pedante o texto rebuscado, castigado, artificial, de quem quer “escrever difícil”  e ser correto gramaticalmente: o tipo estuda gramática (no que faz bem) e pensa que escrever bem é compor frases rebuscadas (no que pensa mal); lá lhe mete a mesóclise (no que faz bem); o leitor percebe o artificialismo do texto e conota-o com a mesóclise, isto é, cria associação entre o texto ruim porque pedante com a beldade que é a mesóclise.

Por exemplo: “Ao presente ensejo, valho-me do registro que ora faço, para levar à sua pessoa meus penhorados agradecimentos, em homenagem ao princípio da civilidade; fá-lo-ei chegar a seu destinatário através deste meio eletrônico, ora em voga no território nacional. Nada mais tendo de momento, envio-lhe metaforicamente amplexo ternurento.”.

O ingênuo lê este pedaço de porcaria é exclama: “Agora ficou bom !”. A única parte boa é a mesóclise; o mais é puro pedantismo; esta coisa não é pedante à conta dela e sim à conta do que está em derredor dela.

Leia-se, por exemplo “Solo de clarineta”, de Érico Verísismo, “O princípio de Peter”, de Lourenço (Laurence) Peter, bem traduzido no Brasil por Heitor Ferreira, ou “Infância”, de Graciliano Ramos: nos três há mesóclises em textos simples, espontâneos, até fáceis, sem nada de pedante.

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