Solidão e convívio

     Enquanto individualidades, ou seja, enquanto conjunto de traços de afetividade, de pensamento e de atividade, as pessoas devem procurar ser completas, pelo desenvolvimento das suas qualidades. 
   Por outro lado, a parceria (sobretudo no casamento) pode corresponder a um completar o outro, não no sentido de se compensarem por caracteres opostos ( por ex.,um é tímido, o outro, ousado) porém no de um oferecer ao outro o de que o outro precisa: apoio, companheirismo, amor, carinho, atenção. Muitas pessoas procuram exatamente isto, a interação afetiva, a solidariedade, o calor humano: sentem-se gratificadas com isto e estimuladas para viver.
    A solidão pode ser boa quando o indivíduo deseja estar sozinho, em momentos de reflexão ou em que procura paz de espírito. Todas as pessoas passam por momentos assim. 
       Por outro lado, viver em solidão costuma ser horrível: não se ter ninguém com quem conversar, partilhar, abrir-se, ouvir, dar e receber afeto. Daí, a tendência do ser humano ao casamento (hetero e homo) e à amizade.
    Também é verdade que a pior solidão é a em que se está acompanhado: aquela em que o indivíduo acha-se cercado de pessoas que nada lhe significam ou para quem ele nada significa.
       O crucial é o tipo de relação, a sua sinceridade, o grau de liberdade, de confiança, de intimidade, e não a quantidade de pessoas que conhecemos e com quem nos relacionamos. É um lugar-comum, desde os gregos, que "conhecidos são muitos, amigos, poucos".
       Há diferentes tipos de amizade, no sentido de que há diferentes pontos em comum entre as pessoas; muitas vezes, estes pontos constituem mais companheirismo do que amizade. Companheiros ou amigos, ou relacionamento, todos três evitam a solidão.
       É   no convívio que observamos os outros e comparamo-los entre si e conosco próprios,ao contrário do que se passa na solidão e na pobreza de relações. É fora da solidão que se descobre que cada um é um e que é preciso respeitar a individualidade de cada qual, ao passo que o isolmento pode levar a um certo egocentrismo, em que o mundo do indivíduo corresponde ao seu próprio e ele passa a adotar a si próprio como critério de julgamento dos outros.
   Em certa medida, é normal adotarmos a nós próprios como critério de julgamento alheio (ex.:não faço isto com os outros, não quero que mo façam); também deve- se reconhecer no outro uma forma de ser e de viver diferente da própria (ex.: não uso este tipo de calça, porém não critico que a usem).
       O indivíduo conhece-se melhor no convívio e na reflexão que pratica acerca das experiências e observações do seu convívio. É como viajar: de ver o estrangeiro, conhece-se o diferente e reconhece-se o próprio.
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