“Combo”, impacto, “startup” e outras palavras ruins.

TELEFONE, TELEVISÃO, TELÉGRAFO, TELEPATIA: TELEMÓVEL (“celular”). TELETRABALHO (trabalho à distância). TRABALHO EM CASA, DOMICILIAR, EM DOMICÍLIO (“home office”).

ENSINO DOMÉSTICO, DOMICILIAR, EM CASA (“homeschooling”).

“STARTUP” É ABOMINÁVEL. DIGA: EMPRESA DE PONTA, TECNOLÓGICA, ESCALÁVEL, EMBRIONÁRIA.

“ACESSAR” É ANGLICISMO. DIGA: TER ACESSO A, ACEDER A.

“DELETAR” É ANGLICISMO. DIGA: DELIR, APAGAR, CANCELAR, EXCLUIR.

“POSTAGEM” É MAU PORTUGUÊS. PUBLICAÇÃO É QUE É.

“POST” É INGLÊS. PUBLICAÇÃO É O MESMO, EM PORTUGUÊS. Ohhhhh!

VÔO DOMÉSTICO, DE “DOMESTIC”: VÔO NACIONAL.

PROCURAR POR, BUSCAR POR (“SEARCH FOR”): PROCURAR, BUSCAR (SEM PREPOSIÇÃO: procuro a verdade, busco a verdade).

CÓPIA DE LIVRO (“copy”) é em inglês. Em português, dizemos EXEMPLAR de livro.

O tal de “IMPACTO” é o pior de todos. “Impact”, em inglês, significa EFEITO, CONSEQÜÊNCIA. Não significa “impacto” que, em português, exprime colisão, choque, embate. “Impactar” não exprime influenciar, afetar, interferir em (e muitos outros verbos). Evite dizer “impacto da epidemia”, “como a epidemia impacta nossa vida”; prefira: efeito da epidemia, como a epidemia influencia nossa vida, como a epidemia afeta nossa vida, como a epidemia prejudica nossa vida, como a epidemia interfere em nossa vida.

O diabo do “combo” é lixo lingüístico, no Brasil. Usa-se em Nova Iorque, na música, para indicar duplas de cantores, do tipo Xitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo: são duplas. O dicionário Porto Editora dá: “combo” = combinado, não do verbo “to combine” (combinar), mas associado, jungido, ligado a. O pessoal ignorante no Brasil usa esse palavrão para indicar, na oferta de produtos, duas mercadorias em conjunto ou mais: um pastel e um bolinho, um lápis e uma caneta, um tomate e duas peras — cousas que se vende por junto. É a VENDA CASADA, como se diz cá, seja de dois, seja de mais de dois objetos. “Combo” de livros: um de Machado, um de Alencar, um de Camões. Podemos dizer conjunto, jogo, dupla, trio.

Já estou a ouvir os pessimistas do idioma: “Mas conjunto e jogo confundirão com outros valores”, “Já está consagrado”, “Essa palavra é específica”. É esse tipo de alegação que conduz à licença, à permissividade, à poluição idiomática, de que essa coisa é exemplo. São maus critérios. Há outros: evitar todo estrangeirismo, procurar sempre o que já existe em vernáculo, não temer a polissemia. Assim: repudiemos o tal de “combo”, usemos jogo, conjunto, dupla, trio; não temamos que as pessoas confundam-nas com jogo de futebol, conjunto na acepção matemática, dupla ou trio de cantores. As palavras valem no seu contexto. De “combo” não precisamos. Dá vergonha o brasileiro usá-la. Que dizer do “resort” ? Que o brasileiro é muito ignorante de inglês pois se o soubesse, se se desse ao trabalho de consultar um dicionário, lá toparia: “resort” = estância. O brasileiro sabe mal inglês, não sabe traduzir e não se dá ao trabalho d
“COMBO” É LIXO E IGNORÂNCIA.

É esse tipo de alegação que conduz à licença, à permissividade, à poluição idiomática, de que essa coisa é exemplo. São maus critérios. Há outros: evitar todo estrangeirismo, procurar sempre o que já existe em vernáculo, não temer a polissemia. Assim: repudiemos o tal de “combo”, usemos jogo, conjunto, dupla, trio; não temamos que as pessoas confundam-nas com jogo de futebol, conjunto na acepção matemática, dupla ou trio de cantores. As palavras valem no seu contexto. De “combo” não precisamos. Dá vergonha o brasileiro usá-la.

Que dizer do “resort” ? Que o brasileiro não lhe sabe o equivalente vernacular e priva-se do trabalho de consultar um dicionário. Fizera-o e lá lhe toparia: “resort” = estância.

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