A mesóclise é recurso da língua portuguesa em que se insere o pronome no verbo, nos
tempos futuro (futuro do presente e futuro do pretérito. Futuro do presente, como
“farei”; futuro do pretérito, a exemplo de “faria”).
Na mesóclise, o pronome não se antepõe ao verbo (a anteposição do pronome ao
verbo chama-se de próclise, como em “me diga”) nem se lhe pospõe (a posposição do
pronome ao verbo denomina-se de ênclise, a exemplo de “diga-me”). Na mesóclise
introduz-se o pronome “dentro” do verbo. Por exemplo: verbo entender > entenderá >
entender-se-á. Verbo inaugurar > inaugurarão > inaugurar-se-ão. Verbo fazer > farei
isto > farei o > fá-lo-ei. Verbo encontrar > encontrariamos > encontrar-nos-íamos.
Emprega-se a mesóclise no tempo futuro; ela é-lhe peculiar e exclusiva, por ser
impossível praticá-la nos tempos presente e no pretérito. Ela caracteriza a conjugação
dos tempos futuros, sentido em que é vantajosa para a clareza do discurso.
A mesóclise é de fáceis entendimento e uso. É facílimo intercalar o pronome no
verbo, operação de que qualquer pessoa torna-se capaz, uma vez que a aprenda e que se
exercite: aprendê-la e exercitar-lhe o emprego constituem operações ao alcance de
qualquer indivíduo de inteligência normal. No meu tempo de estudante, aprendia-se
com onze anos de idade. As crianças aprendiam a mesóclise. Até por imitação e sem
especial ensinamento é-se capaz de aprendê-la, como, demais, espontaneamente as
pessoas apreendem o idioma, de oitiva.
É feio “se poderá”, “se venderá”, “se aposentará”, sempre que inexiste palavra que induz à próclise.
Agora, atente nisto: usar, sempre, a próclise, sem distinguir as situações em que ela é obrigatória das em que cabe a mesóclise, ou seja, usar, sempre a próclise para poupar-se ao trabalho de saber usar a mesóclise, ou seja, proceder sempre pelo mais fácil, ou seja, recorrer ao menor esforço, É O CRITÉRIO DE TODO MEDÍOCRE. No desdém pela mesóclise, na preferência preguiçosa pelo fácil, pela próclise, HÁ COMPONENTE DE MEDIOCRIDADE COMO CRITÉRIO DE ESTILO.