Os fotógrafos e a nudez.

TRECHO FINAL DA MINHA EPÍSTOLA AO COMANDANTE DA PM DE SP. O restante da carta é igual à que enviei à ministra dos Direitos Humanos.  Datei-a de 5.XII.2016, ele a recebeu em 8.XII.2016.

Sugiro que fotógrafos, fotografados, o pessoal do meio artístico, também escreva ao comandante da PM do respectivo Estado, como o fiz ao comandante da PM de São Paulo, do Paraná, da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, da Guarda Municipal de Curitiba. Quem pratica arte e é impedido de fazê-lo, deve reagir. Sem reação, o estado de coisas permanecerá o mesmo: a PM, mal esclarecida, verá malícia onde ela não existe e inibirá a ação dos fotógrafos e as intervenções urbanas, com nudez em público.

Os fotógrafos.

 

Vários fotógrafos brasileiros vem fotografando nus, em recintos fechados. As suas fotografias são artísticas, em que se expõem as formas e a estética; não são imagens eróticas nem pornográficas. Fotografias tomadas ao ar livre, em público, também constituem exercício profissional do fotógrafo e a nudez ao ar livre, em público, também constitui forma de arte da imagem.

Desde que o fotógrafo ou o fotografado não interfiram no normal funcionamento das instituições, no trânsito peonal ou automobilístico, fotografar nus em público, de dia, é ação inteiramente inocente, a que não se pode, razoavelmente, increpar nenhum tipo de malefício.

Zele, a polícia, pela segurança dos fotógrafos e dos fotografados. Não coiba a ação inocente de uns e de outros: fotografar e ser fotografado nu, em público, não representa ato obsceno.

Concorra, sábia e inteligentemente, a polícia, com a arte e a beleza. Basta-lhe não coibir a ação dos fotógrafos nem dos fotografados e conter, se for o caso, os excessos de algum circunstante. Perturbação, se houver, não será provocada por quem exerce o seu ofício decorosamente, mas por quem se aproveita da atividade lícita e legítima do cidadão de bem, para infringir a ordem pública e a lei.

Os fotógrafos exercem o seu ofício decorosamente, dentro da ordem pública e da lei. Não tencionam afrontar a moralidade pública, a sensibilidade do sensíveis nem fazer da sua atividade ostentação de luxúria. Entenda isto a Polícia, e terá entendido o sentido da arte, com verdade, com beleza e sem malícia.

 

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2 respostas para Os fotógrafos e a nudez.

  1. Daniel disse:

    Olha Arthur, meu trabalho não tem muito a ver com nudez mas este tema ainda é um tabu perante a sociedade moderna, ou seria retrógrada? Abraço do primo, ótimos artigos, bem pertinentes

    • Sim, a sociedade brasileira é retrógrada, em comparação com o que se observa na Europa e em parte dos E.U.A. Lá, as pessoas abandonaram há décadas a vergonha do corpo. A nudez doméstica, nas praias e em campos faz parte da “família tradicional” européia, ao passo que aqui a “moral tradicional”, de fundamento cristão, incutiu nas pessoas a vergonha do corpo, o machismo, a repressão da sexualidade. Porém parece-me que os moços, com outra mentalidade e outra atitude, envergonham-se menos e são mais abertos ao corpo, como o demonstram a presença da nudez no teatro e várias iniciativas de fotógrafos de corpos, em 2015 e 2016; também é sinal dos tempos o clipe de “Eu escolhi você”, de Clarice Falcão. No interior e nos meios religiosos, as mentalidades estão 100 ou 2.000 anos atrás: é onde ainda se mantém o tabu, a repressão da sexualidade, a sujeição das mulheres e outros traços retrógrados. Abraço.

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