Aula de inglês para brasileiros

                               Aula de inglês para brasileiros.           

                                                                        Arthur Virmond de Lacerda Neto.

2011; 2017.

Muitos brasileiros estudam o idioma inglês, ainda que comumente ele  sirva-lhes apenas para enriquecimento curricular e  não para a leitura de livros nem para uso profissional e ainda que o seu estudante esqueça a maior parte do quanto aprendeu logo após o término das aulas respectivas. O seu estudo resulta, assim, amiúde, em perda inútil de tempo. Uma aula, no entanto, falta nos cursos de inglês: concerne ao uso do vernáculo, da parte de brasileiros, entre brasileiros, para brasileiros, no Brasil, por mais que conheçam eles o idioma saxão. Ela consiste em afirmarem-se os equivalentes vernaculares dos americanismos, quer por tradução, quer por adaptação livre.

Circulam, entre nós, muitos termos em inglês, empregados desnecessariamente, na medida em que dispomos de equivalentes em Português. Se existe uma palavra em Português que designe o objeto, a ação, a qualidade ou que desempenhe a função lingüística de que se necessita, não faz sentido substitui-la por outra, em inglês. Não há nada mais ridículo,  mais grotesco,  mais caricato, do que, por exemplo, uma loja vender “cookies” ao invés de bolachas ou biscoito ou escrever “sukrilhos ou uma empresa ser presidida por “chairman” e não por presidente.

Alguns empregam os estrangeirismos por acreditarem que tornam o seu discurso requintado e sofisticado mercê deles ou mercê da anglicização das palavras e dos nomes próprios, como “sukrilhos”,  “Karlos” ou “Karowlayne”.

Torna sofisticado e requintado o seu discurso quem conhece bem o seu próprio idioma e usa-o corretamente, com o vocábulo próprio para cada necessidade e não quem lhe introduz termos exóticos, em que se inverte o valor do cultivo do idioma pelo da ostentação pedante. Porque se trata de valores: o Brasil é dos raros países em que o idioma não representa valor de civilização nem elemento de identidade nacional. No segundo aspecto não se cuida de que o idioma português não caracterize o Brasil e os brasileiros (certamente os caracteriza); cuida-se de que estes não se reconhecem no seu idioma, não o reputam marca da sua identidade cultural, não o julgam expressão da sua condição de brasileiros. Falta-lhes associarem a condição nacional ao idioma empregado pela nação.

Daí que, pertencendo-nos idioma riquíssimo, belo de ouvir-se, quando bem falado, e de ler-se, quando bem escrito, vai se descaracterizando também a cada americanismo que se introduz e que substitui os equivalentes vernaculares. Substitui, porquanto as pessoas aprendem o estrangeirismo e esquecem-se do vernacular (por exemplo: porque alguém, de léxico apoucado em Português, passou a empregar “slogan”, outros passaram a imitá-lo e hoje, mal há quem conheça as vozes lema, dístico,divisa, palavra de ordem.).

Nos anos de 1990, no comércio, os americanismos e a anglicização da grafia grassaram porque os comerciantes desejavam incrementar as suas vendas (o que é compreensível) e porque o público sentia-se atraído pelos americanismos e pelas palavras grafadas com “k”, “w” e “y”. Trata-se do feiticismo das palavras, em que se atribui qualidade superior aos objetos que se nominam desta forma, como se o nome alterasse-lhes a substância, como se a palavra fosse dotada de algum poder de intervenção na matéria, forma mental profundamente irracional e inteiramente fictícia. Se o vulgo (e não só) raciocina assim, acha-se fora da realidade e abaixo da racionalidade humana.[1]

Nada justifica a introdução de termo estrangeiro se existe equivalente próprio.

Idêntico fenômeno se passa em relação aos galicismos (termos originários do francês.).

O (mau) gosto da imitação já descaracterizou a grafia dos nomes de família originários dos idiomas de origem latina: em Português, Francês, Italiano e Espanhol, todas as preposições onomásticas escrevem-se em minúsculas: de Lacerda, dos Santos, das Neves, du Guay, de Maistre, de Bonald, da Fontoura. Em Inglês, contudo, tais preposições figuram, algumas vezes, unidas a nome que se lhes segue, ambos em maiúsculas, como DosPassos. Quer por isto, quer porque os programas informáticos transformam, automaticamente, o “d” minúsculo em maiúsculo, quando a preposição onomástica acha-se entre dois nomes próprios (por exemplo: Arthur de Lacerda) grassa, como epidemia, o erro de grafar-se De Lacerda, Dos Santos, Pão De Queijo, Casa Das Massas.

Se os programas informáticos atribuem caixa alta, automaticamente, à letra “d” das preposições onomásticas, trata-se de programas defeituosos, que alteram, indevidamente os nomes, o que exige a atenção do usuário do computador, para corrigir a deturpação.

É inaceitável que os nomes pessoais e os de objetos se alterem, no uso trivial, por conta de programas informáticos concebidos para o idioma inglês e por imitação deste idioma. Foi especialmente lamentável o título do livro “O Código Da Vinci”, que propiciou o mau exemplo a milhões de brasileiros. Em 2011 (se não estou em erro) editora Companhia das Letras passou a chamar-se Companhia Das Letras. No caso do título do livro, houve negligência e desleixo; no do nome da editora, há ridícula mimese de anglografia.

Também me parece dispensável outra imitação do inglês: a de usar-se o sinal de cerquilha (ou de jogo da velha ou Octothorpe[#]) em substituição da palavra número, como em edição # 5 em lugar de edição de número 5. Outra imitação consiste na forma de uso dos apelidos, aspados e intercalados entre o prenome e o primeiro sobrenome (José “Zé” Correia), ao passo que, em português, enunciamos o nome completo ou abreviado, seguido, entre parênteses, do apelido, como José Correia (Zé).

             Mais outra macaqueação consiste em datar-se as casas de comércio, escolas, hospitais, escritórios de advocacia e mais instituições pela palavra “Desde”, seguida do ano de criação (Desde 1966), ao invés de Fundado em tal ano, como tradicionalmente faz-se no Brasil.

Imita-se, também, a diagramação norteamericana, em que, no início das frases, não se adota margem à esquerda, na primeira linha de cada parágrafo (em relação às demais linhas) e adota-se espaço duplo entre os parágrafos, ao invés do uso latino e, destarte, brasileiro, de se usar espaço simples entre eles e margem à esquerda, na primeira linha de cada parágrafo (em relação às demais linhas). Neste texto emprego o estilo brasileiro.

As influências são normais, argumentará alguém. De o serem, não se justifica devamos adotar todas as que nos expomos, indiscriminadamente, fora de qualquer critério.

Não se trata de xenofobia. Xenofobia significa o ódio, a hostilidade, a aversão ao estrangeiro. Não se cura de repudiar o exótico e sim de prestigiar o próprio. Afinal, temos ou não temos identidade cultural ? Temos ou não temos língua própria, rica e bela ? Somos ou não somos capazes de traduzir, de criar, de imaginar ? Se temos identidade cultural, se temos língua própria, rica e bela; se somos capazes de traduzir, de criar e de imaginar, não o fazemos porque não o queremos, porque muitos brasileiros adotam espírito de mimese, em  que atua certo complexo de inferioridade em face dos Estados Unidos da América, que se compensa pela imitação do seu idioma e dos seus usos: no entendimento deles, imitá-los eleva-os a condição semelhante à daquele país; mediante imitações, tais indivíduos sentem-se identificados com o que admiram e os impressiona. Assim como o brasileiro pobre sente-se engrandecido por atribuir aos seus filhos nomes como Kathlyn, Karowlayne, Jhepherson e al, outros sentem-se engrandecidos pela adoção do vocabulário do inglês e de certas práticas norte-americanas. Em ambos os casos, trata-se de brasileiros pobres: pobres de espírito.[2]

No rol abaixo, informo os equivalentes vernaculares tal como corriam ou correm, pelo que se expõem a alguma polissemia, por variação de uso em diferentes pontos do Brasil e por diferentes pessoas. Não exponho necessariamente as traduções das palavras, porém os seus equivalentes vernaculares (o que implica, geralmente, nas respectivas traduções). Acaso, alguma tradução parecerá errada, por conta do emprego errado (ou polissêmico) da voz correspondente, em inglês, para cuja ostentação, tudo vale: o seu uso correto ou inadequado.

“Acessar”: aceder a; acedo ao Orkut; acedi à sala de aula.

“Aids”: Sida (Síndrome de imuno-deficiência adquirida).

“Baby”: criança, bebê.

“Baby-doll”: camisola de dormir.

“Baby-sitter”: cuidadora de crianças.

“Back”: defesa.

“Background”: base, opinião política, tendência.

“Bacon”: toicinho.

“Bar”: botequim.

“Barman”: empregado de bar.

“Best-seller”: livro de grande êxito.

“Black-out”: apagão.

“Black-tie”: laço preto.

“Blaser”: casaco.

“Blue-jean”: brim azul.

“Bookmaker” : corretor de apostas.

“Bookstore”: livraria.

“Boss”: patrão, chefe.“Box”: caixa, compartimento. “

“Boxe”: pugilismo.

“Boy”: menino, garoto, prostituto.

“Briefing”: conferência, reunião.

“Building”: edifício.

“Bullying”: maus-tratos.

“Business school”: escola de negócios.

“Cameraman”: técnico de televisão, filmador.

“Camping”: campismo, acampamento.

“Canyon”: vale.

“Carter”: protetor.

“Cartoon”: caricatura.

“Cash”: pagamento em dinheiro à vista.

“Casting”: elenco.

“Chairman”: o homem da cadeira, presidente.

“Charter”: fretado.

“Chack-list”: lista de documentos.

“Check-in”: admissão, entrada, ingresso.

“Check-out”: saída, retirada, recesso.

“Check-up”: exame geral.

“Cheeseburger”: sanduíche de queijo.

“Cherry”: cereja.

“Cí én én”: cê ene ene.

“Close up”: aproximação.

“Cockpit”: carlinga.

“Coke”: carvão de pedra.

“Conteiner”: contentor, cofre-de-carga.

“Cookie” bolacha.

“Cool”: legal.

“Cooper”: caminhada.

“Copydesk”: mesa de trabalho.

“Copyright”: direitos de autor.

“Corner”: escanteio.

“Cow-boy”: menino-boi, vaqueiro.

“Crack”: famoso, notável, excelente.

“Daiana”: Diana.

“Dancing”: discoteca.

“Dandy”: janota, peralta.

“Delivery”: entrega em domicílio.

“Derby”: competição.

“Designer”: desenhador.

“Destroyer”: destruidor.

“Display”: exibição, postura.

“DNA”: ADN (ácido desoxirribonucleico)

“Doping”: estimulação.

“Drink”: bebida.

“Drops”: bala.

“Drugstore”: farmácia.

“Éfe bí ái”: éfe bê í.

“Em tí ví”: ême tê vê.

“E-mail”: endereço eletrônico.

“Fair-play”: honestidade no desporto.

“Fast-food”: comida rápida.

“Feed-back”: retorno, reciprocidade.

“Ferry-boat”: navio de passagem.

“Fest-food”: comida rápida, colação.

“Fitness center”: ginásio.

“Flash”: clarão, luminoso.

“Flashback”: lembrança, recordação, retrogressão (Fernando Sabino propôs “retrogressão”, que justificou em livro da sua autoria: “Neologismo criado pelo autor, como modesta contribuição ao idioma pátrio, para suprir uma lacuna do léxico relativa à acepção que os povos de língua inglesa dão à expressão ‘flashback’” (aspas do original. O grande mentecapto. Rio de Janeiro: Record, 1979).

“Flat”: apartamento, escritório, recinto.

“Flyer”: folheto.

“Folder”: prospecto.

“Fone”: telefone.

“Free”: gratuito.

“Free lance”: autônomo.

“Freezer”: congelador.

“Full-time”: em período integral.

“Geyser”: esguicho.

“Ghost-writer”:  autor verdadeiro, logógrafo.

“Gin”: genebra.

“Hall”: vestíbulo, átrio, saguão.

“Hacker”: pirata eletrônico.

“Handicap”: demérito, depreciação.

“Happy-hour”: fim de expediente.

“Hardware”: ferramenta, componente.

“Hi-fi”: de alta fidelidade.

“High scholl”: escola secundária, ensino médio.

“Hobby”: passatempo.

“Holding”: grupo.

“Home page”: página eletrônica.

“Home care”: tratamento doméstico.

“Home theater”: exibição doméstica.

“Hot dog”: cachorro-quente.

“In”: na moda.

“Insight”: intuição, rendimento.

“Jamboree”: reunião de escoteiros.

“Joint ventury”: consórcio.

“John”: João.

“Know-how”: conhecimento; técnica.

“Kid”: criança.

“Kitsch”: de mau gosto.

“Kôssovo”: Cozôvo.

“Layout”: esboço, desenho, aspecto, arranjo, disposição.

“Light”: suave.

“Living-room”: sala de estar.

“Link”: ligação.

“Lobby”: grupo de influência.

“Loft”: apartamento de pé direito elevado; apartamento alto.

“Look”: aspecto, aparência.

“Manager”: empresário, gerente.

“Marine”: fusileiro naval.

“Marketing”: propaganda, publicidade.

“Merchandising”: comércio, mercatura, comercialização.

“Mídia”: media (pronúncia inglesa do latim media: meios de comunicação).

“Mix”: mistura.

“Mixer”: misturador.

“Mouse”: rato, controlador.

“New look”: nova moda.

“Note-book”: computador de mão.

“% off”: % de desconto.

“Office”: escritório.

“Office-boy”: menino-escritório, contínuo.

“Offset”: transporte, pois, no caso da composição tipográfica, esta é transferida de uma folha de metal para o papel por meio do cilindro.

“O.K.”: tudo bem, de acordo.

“On line”: em linha.

“On the rocks”: com gelo.

“Passagem one-way” ou “one-way ticket”: passagem de ida.

“Passagem round-trip”, “round-trip ticket”: passagem de ida e volta.

“Open”: aberto para profissionais e amadores.

“Overdose”: sobredose.

“Overnight”: de um dia (negócios).

“Paper”: relatório, resumo, resenha.

“Parking”: estacionamento.

“Penalty”: penalidade.

“Performance”: desempenho, atuação, exibição.

“Play-boy”: pândego, folgazão.

“Play-off”: disputa extraordinária.

“Pocket-book”: livro de bolso.

“Pool”: agrupamento, grupo, consórcio.

“Poster”: cartaz.

“Puzzle”: jogo de montar.

“Ranking”: classificação, lista.

“Relax”: descanso, relaxamento, repouso.

“Remake”: nova versão, refilmagem.

“Replay”: repetição.

“Ring”: tablado.

“Rum”: aguardente.

“Rush”: hora de rush: hora de ponta.

“Sale”: à venda.

“Scanner”: copiador.

“Score”:  contagem, marcação, resultado.

“Self-service”: auto-serviço.

“Sexy”: sensual, erótico, atraente.

“Shopping center”: centro comercial.

“Show”: espetáculo, concerto, exibição, apresentação.

“Show room”: exposição, amostragem.

“Skate”: tábua de rodas.

“Slide”: diapositivo.

“Snooker”: bilhar.

“Software”: programa de computador.

“Spot”: alocução.

“Spray”: de borrifo, borrifador.

“Staff”: equipa.

“Stand”: expositor.

“Stand by”: suspenso.

“Teen”: adolescente, juvenil.

“Ticket”:  bilhete.

“Top-model”: modelo de prestígio.

“Trailer”: atrelado (veículo), fragmento, excerto, amostra.

“Trainee”: aprendiz.

“Up-grade”: incremento.

“Warrants”: direitos de subscrição.

“Workshop”: estação de trabalho.

“Xerox”: fotocópia.

“Yes”: sim.

 

Anglicismos:

Americano (em alusão a nativo dos E.U.A.): estadunidense (norte-americano exclui canadenses e mexicanos).

Roupa básica: roupa lisa.
Roupa casual: roupa informal.

Do francês ou galicismos:
“Lingerie”: roupa de baixo.
“Abajour”: tapa-luz, quebra-luz, bandeira.
Detalhe [“detail]: pormenor, minudência.
Aquelas pessoas que vieram: As pessoas que vieram.
Todos aqueles que estudam: Todos os que estudam.
A moda, essa grande inconstante. A moda, grande inconstante.
Todo o mundo [“tout le monde”]: toda a gente. (Em francês, “monde”: mundo=Terra; =pessoas, gente.). “Mundo”, em português, não equivale a gente ou pessoas.
A circulação dos galicismos e dos americanismos, no Brasil, é sintoma do chamado complexo de vira-lata, sentimento de inferioridade em relação a outros países. Quanto mais estrangeirismos, tanto mais evidente o esforço do complexado por assemelhar-se ao modelo de superioridade em cotejo com que ele se sente inferior.

Os americanismos desempenham papel catártico, de expiação da inferioridade; constituem meio de alívio psicológico do complexado, forma ilusória por que ele se livra, em parte, da sua desestima.

O glossário acima deve reger-se por  critérios, de natureza cívica alguns, de ordem linguística outros, de que todo aluno de  inglês deve compenetrar-se, bem como todo cidadão natural do Brasil ou estrangeiro aqui residente.

Os critérios de natureza cívica são:

1) Não se envergonhar da sua condição de brasileiro nem se sentir inferior aos demais povos da Terra.

2) Não reputar os E.U. A. modelo de civilização e de cultura, a imitar-se, às custas de nossa própria identidade e cultura.

3) Não imitar o idioma inglês como suposta forma de adquirirmos as virtudes norte-americanas.

4) Valorizar o idioma português como um de nossos melhores patrimônios culturais, digno de orgulho e de respeito.

Os critérios de ordem linguística são:

1) Conhecer a língua portuguesa de modo a saber usá-la em todos os momentos.

2) Conhecer os equivalentes vernaculares dos termos em inglês.

3) Empregar o idioma português em todas as ocasiões e evitar os estrangeirismos.

4)Traduzir os vocábulos em inglês ou criar equivalentes em português.

5) Dispor de dicionário inglês-português e consultá-lo sempre que necessário.

Para alguns, empregar estrangeirismos é enaltecedor, sofisticado, prestigiante. Para mim, fazê-lo é cafona, culturalmente pobre e de mau gosto. Cafona, culturalmente pobre e de mau gosto. Quem conhece o seu idioma e reconhece-lhe a riqueza, não necessita de americanismos nem de estrangeirismos, em geral; o pobre de vocabulário sabe (ou finge saber) a segunda língua antes de saber, bem, a primeira. A primeira, no caso, é o português.

[1]  Nomes de pobres. Os pobres são vezeiros em deturpações onomásticas: preferem nomes que inventam (com extravagância) ou americanos ou americanizados, de que abundam exemplos: Geonildo, Jamaik, Joice, Kamilla, Thaysa, Ketle, Franciellen, Keila, Ketlin,  Jhonny, Jhoni, Chrislayne, Rhaysa, Jheniffer, Suellen, Walmir, Claudinéia, Valdinei, Adilson, Heleine, Idinei, Ingridi, Micheli, Nayanne, Keisci, Kevlin, Rhian, Uillian, Rullian, Dieley, Dirlene, Divanor, Enderson, Ramão, Jivanildo, Gesiane, Verdecina, Cidionir,  Osney, Onei, Aldinei, Valdisnei (adaptação de Walt Disney), Joelcio, Lindadir, Jazomar, Jocemar, Dean, Cleston, Roseld, Edilso, Kessya, Remualdo, Sumair, Jezer, Flanatiscolly, Khemilly, Naiane, Thaildo, Admaro, Braycon, Kauany, Mislaine, Kainãa, Kimberly.

Traço de identidade do pobre, nota da sua psicologia consiste em que, nas classes pobres, admite-se a liberdade de criação onomástica, sem nenhuma limitação de bom senso nem de bom gosto. Os nomes americanos ou americanizados decorrem da influência das personagens dos filmes televisivos de origem norte-americana. Há, suponho, o intuito de o pobre aceder, ainda que psicologicamente, ao que assiste na televisão, ou seja, não podendo usufruir, de fato, dos prazeres e do conforto que os filmes lhe exibem, ele compensa tal privação e a respectiva frustração mercê da atribuição, aos seus filhos, dos nomes que encontra nestes filmes; é como se, desta forma, ele participasse, em alguma medida, do que usufruem as personagens cujos nomes adota.

Os nomes inventados caracterizam-se pela sua extravagância, singularidade e mau gosto, em que, quiçá, mediante eles os pais compensem a sua frustração existencial por sentirem-se nada e ninguém, obscuros e anônimos: ao menos os seus filhos serão notados, pelos seus nomes inusitados. Nas classes remediadas ou abonadas, de existência materialmente confortável, não se adotam nomes que tais; o fenômeno é singular e próprio dos pobres e associa-se, também, ao seu raso nível de instrução e escolaridade.

[2] Quem vestir a carapuça e sentir-se retratado, não racionalize, não se justifique, não me objete, não me antagonize com a cópia de subterfúgios com que se intenta justificar o injustificável. Reconheça, intimamente, o seu modelo mental; exerça auto-crítica, incremente o seu léxico, encareça o vernáculo, valorize o próprio e empregue o inglês nos momentos oportunos.

 

 

 

 

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