Convenções sem sentido da academia e da ABNT.

 

CONVENÇÕES SEM SENTIDO DA ACADEMIA E DA ABNT.

A forma correta de se mencionar o título dos livros, academicamente, é: o seu primeiro hemistíquio em itálicos; o segundo (se houver), em letras redondas.
Por exemplo: El galileo armado. Historia laica de Jesús: “El galileu armado” vai em itálicos; “Historia laica de Jesús”, sem eles. Porém, não é tudo título ? É. Então, por que a diferença ?
Não faz sentido. É pormenor da ABNT que em nada esclarece, que não colabora na identificação do título e complica desnecessariamente.

TERCEIRA PESSOA OU IMPESSOAL NA ACADEMIA.

Outra, pior: em trabalhos acadêmicos, usa-se a terceira pessoa ou o impessoal para indicar ações executadas pelo narrador. Eu fiz, eu descobri, eu li, eu conclui, porém deve-se dizer “fez-se”, “descobriu-se”, “leu-se”, “concluiu-se”; ou, pior: “foi feito”, “foi lido”, “foi descoberto”, ” “foi concluído”.

Toda ação tem sujeito, tem autor; se o seu autor é o autor do texto, é natural, é correto, é verdadeiro que o autor do texto diga que fez o que fez, que leu o que leu, que concluiu o que concluiu, em lugar de dizer que “se fez” ou “foi feito”, como se não se soubesse quem fez ou como se não fora ele o fautor, o que é, até, forma de se enganar o leitor.

É tolo pretender-se que estas formas artificiais de expressão destinam-se a preservar a imparcialidade, pois a Ciência é impessoal. Não seja tolo: a imparcialidade deve estar no método e não na ocultação do sujeito gramatical. A ciência é obra humana, de pessoas que leem, fazem, concluem, descobrem; ela tem agente, mas a “academia” finge em contrário.

Ademais, essa construção é típica do inglês, isso é sintaxe do inglês, isso é escrever inglês em português, é usar português de segunda categoria, que perverte o senso literário dos autores.
É como o chavão de mau gosto: “[…] o que está sendo dito aqui.” Está sendo dito em lugar de: fulano disse, ele disse, eu disse, o senhor disse, você disse, a senhora disse, o professor disse. Percebe o apagamento da pessoa ?

No fundo, trata-se de manifestação pedante de má filosofia das ciências e de “academicismo” bobo, até infantil. É uso ininteligente da “academia”.

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