“Ide-vos foder”.

Corretíssimo: segunda pessoa do plural e ênclise. Eis a diferença entre portugueses que sabem nosso idioma e usam-no e brasileiros que o sabem mal (ignoram, no caso, a segunda pessoa e o que é ênclise).
Noteis vós: são dois prédios, com entradas distintas; o letreiro combina cores das palavras com das portas. Ficou estético e mui vernacular.

Eu sou, tu és, nós somos, vóis sois, eles são.
Quero, queres, quer, queremos, quereis, querem.
Disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram.
Aprenderei, aprenderás, aprenderá, aprenderemos, aprendereis, aprenderão.

“A gente é”, “a gente foi”, “a gente vai”. Pelo amor de Apolo nu ! Valha-me Zeus, que raptou o formoso Ganimedes ! Não sabeis mais dizer eu, tu, ele, nós, vós, eles; estais reduzidos ao famoso aforismo “Mim tarzã you jane” ? (Este aforismo, na década passada, redigia-se: “Mim, Tarzã; you, Jane”. Agora, é sem pontuação nem maiúsculas. Pois até em traduçaõ de Goethe já consta “sol”, “lua” e “terra”. A este ponto descemos).

Notai a riqueza, a sonoridade, a música das conjugações; sua precisão, sua variedade. Sois, somos beneficiados com idioma que vos e nos propicia riquezas mil de que podeis usufruir. Usufrui quem sabe; muitos de quantos ignoram, por preguiça, por vilania de espírito, por ódio da gramática portuguesa, celebram o tacanho idioma inglês, detestam a gramática como “lusitana” e celebram a forma empobrecida e deteriorada que alguns patrioteiros exaltam como “idioma brasileiro”.

Ide estudar o vernáculo ! Ide-vos enriquecer com ele ! Ide-vos engrandecer com seus recursos ! Aprendei, estudai, falai com riqueza, beleza, propriedade: sereis notados, distinguir-vos-eis. Os outros… dizem “a gente é, a gente acha”.

 

Ide-vos foder.

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