Cultura do estupro.

Falo. Japão

Festival da fertilidade, no Japão. O estupro não é questão de pênis nem de traje da mulher, mas de educação e de punição.

A banalização do sexo e a “erotização precoce” são questões diversas da do estupro. Estupro é violência, é posse sexual sem consentimento ou a despeito da vontade da vítima, assim como o homicídio é violência, a despeito da vontade da vítima, sem que haja influência da idéia de que a morte é natural e inevitável e a despeito de que desde a infância as crianças descobrem que se morre.

Não é mediante o uso “parcimonioso” da sexualidade nem mediante a “preservação” das “crianças deste país” do conhecimento da sexualidade que se evitarão os estupros.

É fácil a justa e compreensível emoção que a barbárie suscitou, levar a reflexões retrógradas, na linha do conservadorismo religioso, de que a prevenção do estupro inclui a contenção do conhecimento da sexualidade (obscurantismo) e a imposição do pudor vestimentário (encobrimento do corpo feminino).

Estupro é crime odioso cuja incidência se pode minorar pela educação do respeito dos homens pelas mulheres, ou seja, pelo combate do machismo; pela repulsa pelo crime, com ênfase especial por este (e não só); pela punição efetiva dos criminosos (ao invés de processos que se delongam indefinidamente, até prescreverem-se os crimes).

Nada justifica nenhum estupro (o atual ou outro): o apetite do agente, a vida promíscua ou não da vítima, a sua condição de drogada ou não, os seus indumentos curtos ou não, ou qualquer outro acidente.
É inadmissível supor-se que algum homem ignore como pode ou não pode usar o seu pinto ereto, que desconheça a condição criminosa do estupro, que se pretenda justificar o injustificável pela inculpação da vítima (por exemplo: trajava-se “provocantemente” e, por isto, mereceu) ou pela mitigação do perpetramento do crime (por exemplo: a culpa é dos pais que não educaram devidamente os seus filhinhos-estupradores).

Nada justifica nenhum estupro e perplexa-me que se pretenda mitigar a gravidade e a culpa do estuprador. Neste sentido, no de se pretender mitigar a gravidade do crime e a culpa do seu agente é que repudio a “cultura do estupro” se tal locução identificar isto mesmo. É inaceitável qualquer “cultura do estupro” ao invés da “cultura do respeito” e da “cultura da punição do criminoso” (ao menos do doloso). O mais é léria.

Li observação de pessoa que me pareceu bem informada de que os média (meios de comunicação) passaram, recentemente, a enfatizar estupros coletivos; ponderou parecer-lhe haver tendência deliberada de (tentar-se) instaurar hostilidade entre homens heterossexuais e mulheres em geral.

Sem que eu negue, nem de perto nem de longe, a mais enérgica reprovação que qualquer estupro merece e o horror do estupro recentemente ocorrido, é oportuna a interrogação de até que ponto a exploração dos estupros serve para exacerbar ânimos e criar separatismos androfóbicos, como se o homem, todo homem, qualquer homem fosse estuprador ou potencialmente tal, quando não é assim.
Assim como há homicídios, porém nem todo humano é potencialmente homicida, há estupros, porém nem todo varão é potencialmente estuprador. Há que discernir as pessoas e não imputar aos homens quaisquer a barbárie de alguns.

Para mais do estupro feminino, há, também, estupros de homens. Também homens são vítimas de estupradores: nada justifica que o sejam, sobremodo que sejam efeminados ou homossexuais.

Em suma:

  1. Inexistência de justificativa e de atenuante do estupro.
  2. Punição devida e merecida.
  3.  Androfobia em curso ? (androfobia ou misandria= repulsa pelo homem, na sua condição masculina, em razão dela própria).
Esse post foi publicado em Cultura do estupro.. Bookmark o link permanente.

Deixe um comentário