Palavras ruins, manias de “tá?” e de “Vai querer?”

“Banner”= faixa. Faixa. Faixa.

“Pró-ativo”= decalcaram mais esta palavra do inglês (“pro-actif”). É besteira. Em bom português, temos: ativo, diligente, atuante. Basta dizer ativo e está dito tudo.

Em sítios de bancos e empresas, vejo tudo escrito com minúsculas e sem pontos finais: “investimentos e poupança”, “sua conta”, “extrato”.

Qualquer frase, toda frase deve principiar com maiúscula, ainda que se cuide de uma só palavra, e termina com ponto final: “Sua conta.”, “Extrato”. Pelo menos as palavras devem ser iniciadas com maiúsculas, pois são frases. É feio e expressão de desleixo ler tudo grafado com minúsculas.

“Lâmina”= inventaram de chamar lâmina textos de uma página ou duas ou de uma somente, extensa, explicadores ou de propaganda. Lâmina é metafórico e metáfora desnecessária, que algum desconhecedor do idioma inventou. Dissesse prospecto. Sim, prospecto. O que mal chamam lâmina tem nome: prospecto.

Mania de “tá?”. Prossegue a epidemia de “tá?” no final das frases, em quem lida com o público. Atendentes, médicos, gerentes põem “tá?” no final das frases, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 vezes: “O senhor paga na tesouraria, tá? Depois volta aqui, tá? Se tiver problemas pode ligar, tá?”. O médico: “Tem artrose, tá? Deve fazer fisioterapia, tá? por seis meses, tá? para tentar reverter o quadro, tá?, mas é comum nessa idade, tá?”. Gerente de banco alongou a vogal: “tááá? tááá?”. É chato, muito chato ouvir tal cacoete.

VOU PEDIR, VAI QUERER?

“Vou pedir que o senhor assine aqui.” diz a funcionária, ao pedir que assine. A assinatura deve ocorrer no próprio momento e não depois. Depois é no futuro (vou pedir); no momento é no presente (peço); logo: “PEÇO que o senhor assine aqui”, ao passo que “Vou pedir que assine” significa que amanhã, na semana que vem, no mês seguinte, futuramente, pedirá. Futuro é futuro, presente é presente. O brasileiro já não os sabe distinguir.

No comércio: “Vai querer?”. Quer saber se o freguês quer, no momento; logo: “Quer?” e não “Vai querer?”. Futuro é futuro, presente é presente. Não há primarismo pior.

— Não vai ter.

— Então quero dois.

—Não vai ter.

— Não vai ter ou não tem?

— Não tem.

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