Casa de David Carneiro.

 

 

Casa de David Carneiro.   Esta casa foi edificada em 1949 pelo historiador David Carneiro, após o incêndio da Hervateira Americana, situada entre as ruas Emiliano Perneta e Comendador Araújo, na rua Brigadeiro Franco, número 1828. A sua fachada inspira-se na descrição que Eça de Queiroz fez da casa do seu livro “Os Maias”, segundo ouvi várias vezes do próprio David Carneiro e do seu filho homônimo (meu padrinho e parente sangüíneo).

Não se trata de reprodução tal e qual da descrição da casa do livro, porém de inspiração. Alguns anos após a sua construção, foi dividida, internamente, em duas: na lateral direita (com entrada pela escadinha central) habitava Fernando Augusto Lacerda da Silva Carneiro (filho de David e de Marília Supplicy de Lacerda); na lateral esquerda, habitavam David e sua mulher, Marília. Ambos ali viveram até os respectivos óbitos.

Por causa de dívidas, a casa foi leiloada pelo Banco do Brasil e arrematada (casa e terreno) por consórcio de empresários.

Salvei, por iniciativa própria, 5 painéis de azulejos, com os brazões de Lacerdas, Supplicys, Silvas, Carneiros e Monteiros, que entreguei a quem de direito, semi-danificados. Na platibanda, havia 4 réplicas do vaso do campanário da igreja matriz de Curitiba; réplicas feitas em Campo Largo (e não originais portugueses). Nas laterais das 6 sacadas, havia réplicas de pinhas, de porcelanas. Nem as réplicas dos vasos nem as das pinhas encontram-se nos seus lugares originais.

Ao tempo da inauguração do hotel, havia um Memorial David Carneiro, que se fechou poucos meses depois e fechado se manteve por anos, até ser reaberto, com loja, em 2019, por instâncias de curitibanos, em movimento que iniciei no Facebook.

David Carneiro foi dos maiores intelectuais e, indiscutivelmente, o mais prolífico e relevante historiador paranaense. Aliás, redigiu, por anos a fio, diariamente, a Veterana Verba, artigos de elevado teor cultural, que merecem reedição, em livro, completa. Ele colecionou recortes dos artigos; eles existem e merecem publicação na íntegra: é tarefa cultural por empreender-se.

Na Curitiba católica e carola, foi das raras vozes que falava pela secularidade, pelo humanismo, pelo antropocentrismo e pelo Positivismo, de que foi adepto e entusiasta ao longo da sua vida (bem assim os seus filhos David e Fernando), domínio em que construiu e manteve a Capela da Humanidade.

Na fotografia: David Carneiro na Capela da Humanidade; ao fundo, representação da Humanidade, na forma de mulher com seu fllho nos braços. É réplica da estátua que encima o monumento a Benjamin Constant, na cidade do Rio de Janeiro e que adorna a tumba de Augusto Comte, em Paris.

Em 1999, produzi requerimento de tombamento da casa, a que se associaram 28 notabilidades de Curitiba, que o subscreveram. Ele foi indeferido pelo Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná, em 11 de novembro de 1999, com base em parecer que a menoscabou. Conservou-se-lhe a fachada, em parte devido à obrigação de manter-se recuo de 2,70 m; ela não é tombada pelo Patrimônio Histórico de Artístico do Paraná. Constou-me ser Unidade de Interesse e Preservação (estatuto municipal).

Em PDF, o requerimento (subscrito por inúmeras notabilidades de Curitiba) e o ofício que recebi da então Secretária da Cultura, comunicando-me o indeferimento:  David Carneiro, casa, tombamento.

Aqui, o parecer (que julgo chocante e superficial) de membro do Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico, que fundamentou o indeferimento, e a ata da reunião em que se deliberou pelo indeferimento: David Carneiro, casa, parecer e decisão.

David Carneiro na Capela da H.

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Uma resposta para Casa de David Carneiro.

  1. Ralph Pacheco disse:

    A casa era linda. Fiz visita lá com meu pai em fins de 1972. O pai era muito amigo do David Carneiro (Vicota para nós) e era primo da Marília. Eu me lembro de que o museu foi uma coisa muito impressionante, também. A biblioteca dele era uma maravilha. Muito obrigado por esse artigo.

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