Lafaiete Santos Neves, em artigo da Gazeta do Povo, de Curitiba, em 9 de junho de 2009, disse: “Não se trata de negar a sua importância na geração de energia, mas sim os métodos e as práticas usadas pela ditadura militar brasileira, calcada na linha positivisa do lema de nossa bandeira: “Ordem e Progresso”. Afirmações dessa natureza, de caráter extremamente autoritário, decretam a morte prematura da democracia recém-conquistada, no Brasil, em meados da década de 1980.”
A influência de Comte foi elogiável, em todos os sentidos: ele criou a sociologia, ou seja, o estudo dos fenômenos sociais enquanto objetos de observação,ao invés de imaginação, como antes dele; criou uma religião humana, sem sobrenatural; concebeu a moralidade como correspondendo ao altruísmo sob todas as suas formas; afirmou como princípios a eliminação total da violência nas relações políticas internas e externas, as liberdades civis, todas; afirmou a necessidade da submissão da política à moral, de que o Estado não imponha doutrinas aos indivíduos; pugnou pela incorporação social do proletariado à sociedade moderna, ou seja, a elevação das condições devida do conjunto das pessoas; atribuiu ao capital uma destinação social e não apenas individual e egoísta; afirmou a importância do indivíduo como agente da ação humana; valorizou o papel afetivo da mulher, no seio da família e como formadora das pessoas; valorizou o mérito humano, em todos os seus aspectos; ensinou a reconhecer-se o papel construtivo representado, em cada tempo, pelas religiões e pelos grandes vultos do passado; afirmou o senso de dever; uma exortação pela fraternidade entre os povos e a condenação da guerra.
Ele prega a fraternidade sob todas as suas formas; o altruísmo como critério máximo da moralidade; o espírito de diálogo e de conciliação, enaltece a afetividade, o papel da mulher como elemento mais afetivo do que o homem, prega as liberdades públicas (de expressão, de pensamento, de parede, de reunião), quer a incorporação social do proletariado, a elevação cultural e material das massas, quer que se atribua à propriedade e à riqueza uma destinação social e não meramente egoísta e individual; a redução das desigualdades sociais; quer a eliminação da violência sob todas as suas formas, a solução pacífica dos atritos internacionais; a subordinação das práticas políticas à moralidade; a educação laica; o combate aos privilégios na vida civil; o patriotismo dedicado e sem hostilidade contra os outros países; um senso de fraternidade entre os povos.
Benjamin Constant, Rondon e Júlio de Castilhos foram alguns positivistas brasileiros, dentre os mais conhecidos. Também o foram Ivan Lins e David Carneiro, autores de imensa obra de história e filosofia; Nilo Cairo, um dos dois fundadores da Universidade do Paraná; não o foi Getúlio Vargas, embora criado em meio positivista.
O influxo da obra de Comte representou um alto benefício na formação da mentalidade dos brasileiros; ela apresenta uma riqueza de idéias inesgotável e é triste que no Brasil seja deturpada por preconceitos e por conceitos errôneos.