CONSELHO A TODOS OS ESTUDANTES BRASILEIROS.

CONSELHO AOS ESTUDANTES DE DIREITO, JORNALISMO, FILOSOFIA, HISTÓRIA, LETRAS, SOCIOLOGIA, ENGENHARIA, MATEMÁTICA, FÍSICA, QUÍMICA, MEDICINA, VETERINÁRIA, COMPUTAÇÃO, INFORMÁTICA, EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA, ODONTOLOGIA, FARMÁCIA E A TODOS OS MAIS.      

Leia muito e assiduamente, Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Graciliano Ramos, José Saramago, Bobbio. É a única forma de apreender espontaneamente o bom português : pela freqüentação de textos cujos autores praticaram o idioma superiormente. Por efeito espontâneo da leitura, passará a escrever e a falar com mais qualidade.

         Perceba que o modo como a maioria fala, no Brasil, é vulgar, reles e medíocre. Cabe-lhe optar entre o vulgar, reles e medíocre e o que seja melhor do que isto : qualquer pessoa pode elevar-se por sobre o vulgar, reles e medíocre, com leitura de bons livros, em que instintivamente vá incorporando a qualidade que se lhe torne familiar.

         Cultivam-se no Brasil duas superstições:

1) tem que escrever certinho mas pode falar de qualquer jeito. Isto está errado : temos de falar e escrever com elevação, propriedade, escorreição pois falando ou escrevendo é disto que depende a eficácia da comunicação, cujo mérito também abarca a correção gramatical.

2) português é difícil. É falso : ele é mal-ensinado e mal-aprendido ; geralmente as pessoas não usam o que se lhes ensina, por culpa da mentira de número 1. Português é para quem usa sua inteligência.

          Escrever bem e falar bem é ter clareza, destreza e beleza. Evite o rebuscado linguajar jurídico ; evite expressões em voga, que toda a gente usa : a maioria da gente, no Brasil, fala e escreve por imitação da vulgaridade alheia e não por conhecimento rigoroso do idioma e ainda menos com estilo próprio.

Evite traduções brasileiras posteriores a 1985, máxime do inglês : com raras exceções, quase tudo é ruim ou muito ruim.

         O pessoal jurídico sói escrever mal, de estudantes a doutores, com rebuscamento e prolixidade. Evite expressões inúteis, que só enchem lingüiça (por oportuno, neste passo, adianto que, nesta esteira, destaco que). 

         Consulte dicionários sempre, mas desconfie dos eletrônicos e “atualizados” : os dicionários são apenas depósitos de palavras, não são depósitos de boas palavras ; eles registram usos semânticos bons e ruins ; constar dada palavra ou acepção em dicionário não as legitima, não implica que elas sejam boas, corretas ou recomendáveis. Constar no dicionário não é argumento em favor delas, ao contrário do que pensa o vulgo.

        O idioma é patrimônio de civilização, meio de comunicação e de cultivo pessoal. Todos temos o direito e o dever de sabê-lo com rigor e de usá-lo com propriedade : é a forma de estarmos à altura da sua riqueza incomparável  e da dignidade da inteligência humana.

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