O Positivismo e a transição para o conservadorismo olavista e não só.

 

O POSITIVISMO E A TRANSIÇÃO PARA O CONSERVADORISMO OLAVISTA E NÃO SÓ.
“O conjunto da situação ocidental não tende, então, somente a fazer por toda parte prevalecer, doravante, o movimento filosófico sobre a agitação política. Além disto, ele provoca especialmente o advento decisivo da autoridade espiritual; somente ela pode conduzir esta livre renovação sistemática das opiniões e dos costumes com toda a grandeza e a uniformidade convenientes.” Augusto Comte, Política, I, 82.

Esta passagem aplica-se ao Brasil, na sua atual fase de transição da já extinta hegemonia esquerdista para a co-presença, em aumento, do etos conservador. Desde meados dos anos 1970 até fins dos anos 1990 (com a publicação, em 1996) de “O imbecil coletivo”, de O. de Carvalho, o espírito predominante na academia e no senso comum brasileiros eram caracteristicamente esquerdistas e marxistas. Nomes como dialética, luta de classes, proletariado, opressão e os respectivos conceitos eram lugares-comuns nas universidades e no ensino médio. Pensar correspondia geralmente a pensar nos padrões do materialismo dialético.

Não é mais assim. Tal predominância findou, com o surto lento, gradual e aumentativo da percepção conservadora.
Por conservadora, entenda-se: diretamente anti-socialista, anti-marxista, anti-petista. Mais relevante do que seu caráter de oposição de impugnação, de combate às correntes mentais vigentes, o conservadorismo compõe-se de estado de espírito muito menos transformador e idealista do que (tendencialmente) estacionário e conformista.

Seja como for, o advento do conservadorismo vem se operando, corretamente, por via espiritual, ou seja, por divulgação e convencimento, por adesão intelectual (e também política). As idéias influentes são as a que aderem setores gradualmente mais numerosos da sociedade; são as que se enuncia, afirma, repete, propagandeia, em agitação mental, de ideário.
Uma vez que se obtenha adesão de público suficientemente numeroso ou que as camadas mandantes adiram-lhes, elas tendem a exprimir-se nos costumes e nas instituições.
A fonte das idéias é o que o Positivismo nomeia de poder espiritual: espiritual pois diz com idéias e sentimentos; poder, pois determina, forma, influencia.

Presentemente, mingúa o poder espiritual esquerdista; ascende o do conservadorismo. É enriquecedor que o público ansioso por alternativas e soluções saiba que o Positivismo é ideário republicano e humanista.
Por republicano entenda-se: regime governamental baseado na virtude pessoal e na dedicação à comunidade, sem reis. Por humanista entenda-se: voltado aos interesses humanos, sem critérios religiosos na vida pública e na política governamental.

Para os conservadores “ilustrados”, é oportuno frisar a natureza conservadora do Positivismo, como afirmador das qualidades da cultura ocidental e do legado milenar de que o presente é herdeiro.

Teixeira Mendes, Miguel Lemos, Nilo Cairo, Rondon, Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, David Carneiro eram positivistas.Os militares de 1964 não o eram nem o Exército brasileiro o é “por definição” (ao contrário da asnice proferida por Flávio Morgestern, no Brasil Paralelo. Não sabe o que disse).

Para a esquerda esclarecida, é oportuno realçar a ênfase do Positivismo na incorporação social da massa humana, ou seja, da elevação da sua qualidade de vida, bem como a proclamação dos deveres dos ricos em relação à restante sociedade: o capital é social na sua origem e deve sê-lo nas suas aplicações.
No Brasil, o abolicionismo, a legislaçaõ do trabalho, a criaçaõ do Ministério do Trabalho, foram causas dos Positivistas.

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