“Investigativo” e “autoevidente”: porcarias.

INVESTIGATIVO”: PORCARIA DE PALAVRA.
Jornalismo “investigativo”… (?!). Copiaram do inglês “investigative”. Temos idioma e vocabulário próprios. Não devemos imitar o inglês.

Em bom português: jornalista investigador; jornalista investigante; jornalismo investigador; jornalismo investigante.

“Investigativo” é anglicismo, é tradução porca do inglês.

 

“AUTOEVIDENTE”: PORCARIA.

Está em voga a imitação do inglês, quanto a palavras dotadas do prefixo “auto”. Ele existe em português, em que tem uso legítimo, como em automóvel, autodidata, autocarro; modificadamente em autarquia.

Nem tudo que se escreve em inglês com “auto” pode-se traduzir literalmente para o português. É o caso da estúpida palavra “autoevidente”. Em inglês, ela existe; em português, esta coisa não faz sentido.

Evidente é o que é perceptível ou compreensível imediatamente, de pronto, sem esforço de intelecção. Um princípio, uma idéia, uma conclusão pode ser pouco evidente, muito evidente, evidente. Sempre ela é evidente para o observador, para alguém, para um humano.

“Autoevidente” é o que é evidente para a própria idéia, pensamento, conclusão, como se ideía, pensamento, conclusão fossem dotados de inteligência, pensamento, linguagem. Não é assim, obviamente.

Se se quer dizer que algo é evidente em alto grau, ele é ÓBVIO.

Atente em que a formação de palavras não é e não pode ser arbitrária, máxime em se tratando de afixos, que têm sentido específico. O prefixo “auto” deve ser usado corretamente, para indicar reflexividade, ação que o sujeito pratica em relação a si próprio. Ora, a evidência é de algo em relação a um sujeito e não de algo em relação a si próprio.

Muitos incautos e péssimos tradutores leem em inglês e imitam-no, como se fosse correto e fizesse sentido. Não é correto e não faz sentido. O que é correto e faz sentido é:

— evidente.
— óbvio.

Existe a palavra óbvio, equivalente ao tal de “autoevidente”.

O dicionário Priberam define esta palavra como o “que não precisa de ser demonstrado ou verificado”. Não há relação lógica nenhuma entre esta acepção e a etimologia da palavra que, portanto, foi pessimamente construída.

Se algo não necessita de ser demonstrado ou verificado por ser de compreensão imediata, facilmente compreensível ao ponto de dispensar demonstração ou verificação, então ele é “óbvio” e jamais “auto-evidente”. Se algo não necessita de demonstração ou verificação porque já foi demonstrado ou verificado, porque já está compreendido, então ele não é autoevidente e sim: compreendido, entendido, aceitado, sabido, assimilado.

Ademais, peregrinismos como este passam a circular sem que os seus usuários muitas vezes saibam, precisamente, que significam: o seu sentido torna-se cambiante e até polissêmico. Cada um o usa consoante o seu critério mais ou menos arbitrário, com sentidos dúbios, o que é retrocesso em vez de “modernização” do idioma.

Monstrengos como esta porcaria de palavra resultam da imitação servil do inglês, sem entendimento da lógica do português, sem atinar no sentido do prefixo em causa. É manifestação de incultura lingüística.

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