Humanismo e teologismo.

Humanismo e teologismo.
Arthur Virmond de Lacerda Neto.
16.7.2016.

AGRADECER A DEUS E AOS SANTOS. AGRADECER À HUMANIDADE. PROVIDÊNCIA HUMANA E NÃO DIVINA. ALGUMA CRÍTICA DA IDÉIA DE DEUS. ALGUMA CRÍTICA DO ANTROPOCENTRISMO.
Os teológicos (gente que crê em deus) agradecem a deus e aos santos.
Eles creêm que há deus, que ele é capaz de intervir nas nossas vidas, bem como os santos. Quando, na vida do crente, dão-se fatos positivos, eles atribuem-nos a deus e ou aos santos, sentem-se agradecidos e agradecem-lhes.

Mas os fatos da vida das pessoas resultam da ação das próprias, da sua iniciativa, do seu senso de discernimento, de saber aproveitar as oportunidades, de exercer a atuação correta no momento oportuno. É o ser humano o autor do seu destino, dentro das circunstâncias em que se encontra.

Todavia, o teológico cega-se à responsabilidade individual ou, se a percebe, credita o seu êxito ao poder divino, como se deus houvesse lhe propiciado as condições do bom resultado.

O crente em deus acredita na intervenção sobrenatural, para o bem. Para ele, deus é bondoso e promoveu-lhe benefícios.

Mas ele não percebe que o ateu, o indiferente, o fiel de outra religião também obtém êxitos. O crente, contudo, argumenta que, na sua infinita misericórdia, também socorre os cegos à fé, as criaturas ingratas, o que mais prova a bondade sem limites de Jeová. Na religião, sempre há algum ardil em prol da divindade.
O crente imagina a intervenção divina, acredita-se protegido por ente todo-poderoso que ele jamais observou, que jamais, ninguém, em parte nenhuma, constatou como fato, e que, todavia, acredita existir. Os crentes imaginam e atribuem realidade à sua imaginação. É vazia de realidade a tergiversação de que deus está “no coração de cada um”, que ele é estado de espírito: Jeová (o deus cristão) é (crêem os crentes) ser real.

Se você crê em deus, pense por um minuto (coisa que jamais fez até aqui): o seu deus é real, é objetivamente existente, ou é imaginário ? E a quem você credita os seus insucessos, os seus falhanços, a morte por doença, as dívidas impagas, o emprego que não obteve, o acidente, o sofrimento ? O teológico responderá que lhe faltou fé e que deus reagiu com infortúnios. Por outro lado, o laico, o ateu, o cético, o agnóstico, o humanista, o antropocentrista, não imagina a existência de criatura cuja existência é insuscetível de comprovação; não atribui os seus êxitos ao auxílio de deus, cuja ação ele imagina. O laico pauta o seu comportamento pela realidade em que deve atuar, ciente de que são os fatos realmente existentes que determinam os êxitos e os fracassos, independentemente da suposta atuação sobrenatural.

Quando o crente agradece a deus, a Jesus, a Maria, aos santos, ele admite alguma dependência sua, de poderes externos a ele. Porém os seus êxitos aconteceriam se tais poderes inexistissem, porque resultam, exclusivamente, da ação do próprio agente e de terceiros, no ambiente em que ele soube atuar para obtê-los.
O crente agradecido a deus é ingênuo e vive mundo ilusório. O laico, o ateu, o indiferente, o antropocêntrico é cônscio da sua capacidade de ação, dotado de senso de realidade, atribui os seus êxitos e malogros à sua própria agência, às circunstâncias em que se encontrou e aos humanos que, direta ou indiretamente, cooperaram com o resultado.

Os humanos que, direta ou indiretamente, cooperaram com o resultado, compõem a Humanidade, como a definiu Augusto Comte: conjunto de pessoas convergentes. São convergentes as pessoas que colaboram para o bem, que obram por empatia, por simpatia, por solidariedade, com preocupção com o próximo.

A Humanidade é a verdadeira providência, a providência humana. Ninguém está sozinho e isolado; todos estamos integrados em ambiente humano, em meio ao qual e com que atuamos, graças ao qual os nossos resultados se produzem. O homem se agita e a Humanidade o conduz. Dêmos graças à Humanidade, agradeçamos-lhes: ela é a verdadeira providência. A providência é humana, não é divina.

O crente, embora reconheça a sua própria agência, julga que as circunstâncias em que atuou e que lhe propiciaram resultados positivos foram constituídas por deus. Para ele, os outros estiveram ao seu serviço, por obra de deus, que quis beneficiá-lo. Os outros foram, apenas, títeres de deus, como bonequinhos que Jeová, cujos cordelinhos eles puxou para favorecer o crente agradecido.

O laico, o ateu, o humanista, reconhece a sua própria agência e a do meio humano que convergiu com os seus êxitos. Ele sente-se reconfortado com a sua capacidade, confiante em si próprio, e agradece à Humanidade.

A diferença entre o crente agradecido e o ateu está, também, em que o o primeiro ilude-se e vive, em alguma medida, no mundo imaginário típico da religião, ao passo que o segundo, se se ilude, é na percepção da realidade, nos seus diagnósticos, prognósticos e expectativas. A ilusão do crente consiste na convicção de existir um criatura que imagina existir; a ilusão do laico consiste em medir incorretamente a realidade que sabe existente.

Por isto, quando o crente agradece a deus pela cura, pelo emprego que obteve, pelo pagamento das suas dívidas “etc”., não percebe que ele e as pessoas que atuaram convergentemente foram os autores das suas realizações e que estas são produto exclusivamente humano. Conforta-o acreditar que recebeu o amparo de poder poderosíssimo, capaz de atuar em qualquer situação dificultosa.

Talvez o crente seja inseguro e temeroso; é como se vivesse estado de infantilidade na percepção da realidade. O crente é como certas crianças, que acreditam nas fábulas que lhes contam. Ele passa de criança para adulto, cronologicamente, porém conserva a sua infantilidade em relação ao entendimento da realidade.

O estado de infantilidade teológica é reconfortante: é agradável acreditar na existência de ser poderoso, a que se recorrer e que pode socorrer o fiel-pedinte.
Porém, o fiel-pedinte, se agradece pelos êxitos, não o amaldiçoa pelos malogros, não se queixa pelo abandono, não o culpa pela má sorte: o crente é maniqueísta, o deus dele é maniqueísta: sempre e somente é-lhe bondoso e colaborador. Mas como explicar o que lhe sai errado ? deus abandonou-o, desamou-o, falhou, inexiste ? Onde estava deus no avião que caiu ?

Costuma-se dizer que “não há ateu em avião que cai”, pois todo ateu (pretendem, ingenua e tolamente, os crentes mais simplórios) no momento de desespero, ora para deus. Dado que todo avião em queda, cai, malgrado as súplicas dos crentes, concluo que deus, sistematicamente, abandona-os, todos e, sistematicamente, promove pequenos genocídios por meio dos aviões que sofreram falha técnica, e desatende às mais fervorosas e desesperadas orações, súplicas e arrependimentos.

Mais: se é nos momentos de pânico e de emoção aguda que os ateus, supostamente, “convertem-se” à crença em Jeová, então a teologia e o cristianismo correspondem a estados constituídos de ausência de racionalidade: são formas mentais de ausência de lucidez e de senso de realidade.

Quando, por exemplo, um aluno rende graças a Jeová porque tirou boa nota ou a mulher faz o mesmo porque engravidou, é como se ambos atribuíssem o resultado do seu esforço e da ejaculação do homem a deus. Deveras, a crença em deus reduz a inteligência humana a estado de pequenez, de quase nulidade ou de verdadeira nulidade.

Não se esqueça de que, historicamente, os povos antigos eram politeicos, criam em plúrimos deuses (Baal, Jeová, Hermes, Diana, Crixna, Zeus, Mercúrio e dezenas de outros).

Em Israel, os judeus louvavam inúmeros deuses, dentre o dos ventos e dos trovões: era Jeová, que o rei Josias elegeu dentre os seus colegas, como deus único dos judeus. O deus cristão não era único, mas tornou-se tal em operação político-religiosa de um rei; a partir de então, milhões de cristãos, ignaros da história do seu deus, crêem que ele é único e onipotente. Soubesse (que ignora) a história da transformação da idéia de deus e descobriria que ela não passa de produto cultural humano e manipulação. (Mais: na corte de Josias fabricou-se o Pentateuco e a lenda de Moisés, que inexistiu. Quem redigiu o decálogo foram os assessores de Josias, que o copiaram do livro dos mortos egípcios. Você louva ao senhor e desconhece isto? Surpreende-me. Deveria conhecer a história da sua religião. Por que os pastores e os padres sonegam-lhe tais informações ? E por que muitos ateus conhecem-nas ? Ou será que os ateus são-no, também, precisamente porque as conhecem e você é crente porque as ignora ?).

Não se esqueça, também, de que se você é cristão, é ateu em relação a todos os demais deuses gregos, romanos, indus e judeus (em Israel e no Velho Testamento havia politeísmo, assim como na India, na Grécia e em Roma.). A diferença entre você, cristão, e os ateus, é de apenas um deus e de uma crença: a crença de que deus nenhum interfere na vida de ninguém. O ateu é livre de fantasias e conta com os humanos; você é dependente da sua fantasia e conta com ela.

Em nome de deus, toda atrocidade, todo absurdo, todo fanatismo se justifica: basta que se encontre escrito na Bíblia ou no Corão. Em nome da humanidade, somente o bem se justifica: o antropocentrismo funda-se em motivos humanos, na empatia, na solidariedade e inspira critérios de moral, costumes, instituições, legislação que realmente promovem o bem-estar das pessoas, ao invés de buscar agradar a deus nem a obedecer-lhe a vontade.

Humanidade ao invés de deus. Realidade ao invés de imaginação. O ateísmo é virtuoso. Sou ateu orgulhoso do meu antropocentrismo.

Alguns lamentam a “falta de deus”. Deveras, há “falta de deus” em muitos “corações” porque muitas pessoas, notadamente na geração jovem, perceberam a falsidade da idéia de deus e tornaram-se indiferentes à religião, agnósticos ou ateus, o que os teológicos usam como ardil para culpar o abandono de deus pelos males do mundo (violência, drogas, transviamento, indisciplina escolar). Mas é inteiramente falacioso relacionar-se, diretamente, as mazelas do mundo à descrença: se, em termos, o temor de deus e a imposição dos seus supostos mandamentos e vontades funciona como contenção do ser humano, por outro lado, disciplinar as pessoas pelo medo e pela ilusão da obediência a vontades e mandamentos fictícios de ser imaginário é, no mínimo, anti-ético, pois é forma de enganá-las.

Se se quer combater os males do mundo, há que educar as pessoas para a tolerância, a empatia, a solidariedade, a pluralidade, o respeito. São valores humanos que independem de sanção sobrenatural, que podem e devem ser cultivados com base exclusivamente humana e excludente de qualquer matriz divina.

O mundo não se tornou pior por falta de deus nem é o acrescentamento de deus que o tornará melhor; deus é concepção falsa e dispensável para a moralidade humana. Aliás, é fundamento falso da moralidade humana. O mundo será melhor se se fortalecerem as virtudes relativas à convivência e à coexistência das pessoas, centradas no senso de limites de cada um e no respeito por todos: nenhum de ambos necessita da divindade para justificar-se, ambos são justificáveis na vantagem que propiciam para a condição de vida das pessoas, independentemente de qualquer sobrenaturalidade.

Se você ficou “ofendido” (é moda ficar “ofendido”, na infantil geração mi-mi-mi) é porque a carapuça serviu-lhe. Parabéns: deparou-se-lhe a realidade. Você saiu do seu estado de ingenuidade, primeiro passo para retirar-se do seu estado de teologia e adentrar o estado de realidade.

 

“TENHA UM DIA CHEIO DE BENÇÃOS”. “PRESENTE DE dEUS”. “dEUS TE GUIE”. “dEUS ME AMA”. “dEUS NO COMANDO”.

Se o dia corre normal ou exItosamente, para o crente em deus, ele foi abençoado por este. Se corre normal ou exitosamente para o ateu, o agnóstico, o indiferente religioso, ele foi produto da ação humana, do próprio indivíduo, no meio social em que existimos.

E se correr mal, o dia do crente não foi abençoado – o crente terá dúvidas sobre a sua fé, sentir-se-á culpado pelos seus pecados, deus não o ama ?

Para o ateu, o insucesso faz parte da vida. Para o crente, ele está nos planos divinos. O crente complica as coisas com as suas fantasias.

O crente vive, freqüentemente, em função da intervenção divina: ele recebe presentes de deus, bençãos de deus, livramentos de deus e não sei mais o quê. Ele, contudo, raramente é capaz de se perguntar a si próprio se as bençãos, os presentes, os livramentos etc. realmente existem ou se são produto da sua imaginação e do inculcamento que recebeu nas igrejas, em que os pastores e os padres convencem-no por palavras, porém não por verificações. Padres e pastores interpretam os fatos e os vinculam à divindade; contudo, nunca, jamais, ninguém, em parte nenhuma, observou deus nenhum: deus não é verificável, não é confirmável como realmente existente.

O crente, contudo, raramente é capaz deste exame; quando o é e o efetua, principia a duvidar da fé. Se persiste nele, tende a abandoná-la: sai da ilusão e deixa a religião.

Obviamente as bençãos de deus, os presentes de deus, o amor de deus etc., são fantasias. O crente em deus vive no irreal, que toma por realidade: ele se caracteriza pela falência (parcial) do senso de objetividade. Ele toma o imaginário pelo real; no que concerne à religião, falece-lhe capacidade de distinguir o fantasioso do positivo. Religião é ilusão coletiva.

É mito mantido pelas igrejas o de que elas são as detentoras das virtudes e da moralidade. Para além de que nelas há hipócritas e santarrões (tipos raros entre ateus), a moralidade e os valores independem de deus e da bíblia. Se o fundamento da justiça, da bondade e dos valores é apenas o mandamento divino, então, nas religiões, a bondade, a justiça etc., não são valores em si próprios. O religioso é bom, justo etc. porque obedece a deus. Se deus lhe mandasse ser mau e injusto, ele sê-lo-ia, ao passo que o ateu cultiva tais valores e sentimentos porque os considera valiosos por si próprios.

 

ATEÍSMO X CRENÇA.

É típico de alguns religiosos e dos teístas certa ironia em relação aos ateus e humanistas: os primeiros afirmam que os segundos têm algum resquício de teologia, de crença secreta, de espiritualidade (entendida esta ao modo teológico).

Provavelmente, tais religiosos e teístas não conseguem admitir que os ateus negam, de todo, as crenças dos religiosos e dos teístas e racionalizam a sua (dos religiosos e teístas) perplexidade; no fundo, é defesa dos religiosos e teístas perante a negação serena e esclarecida das suas (dos religiosos e teístas) convicções e crenças. É como quem diz: “As minhas [dos crentes em deus ou em “algo superior” e divino] crenças são certas e verdadeiras; se alguém as nega e não comunga delas, no fundo, no fundo, embora as negue, ele crê, crê em alguma coisa, em qualquer coisa do que eu creio”.

É raciocínio especioso que o religioso fabrica; é racionalização com que defende as suas crenças: deparar-se com o ateu e com o humanista incomoda-o, pois confronta-o com perspectiva alternativa à sua e até antagônica a ela. O ateu e o humanista personificam a dúvida e a negação, bem assim formas de sentir, pensar, valorar e viver, sem deus e com a humanidade. O ateísmo e o humanismo representam, para muitos religiosos e teístas, a possibilidade de religiosos e teístas estarem errados: entre tal possibilidade e a de que ateus e humanistas sejam, em parte, crentes, o crente prefere a segunda e apazigua a sua ingenuidade.

É o caso dos religiosos e teístas segundo quem “a fala dos ateus se contradiz” ou de que estes ” têm espiritualidade latente”.

Na asserção, teológica, de que somos corpo e espírito, por “espírito”, os religiosos entendem o transcendental; nós, ateus, entendemos o imanente. “Espírito”, no pensar ateu, nada contém de sobrenatural, de divino; exprime-nos as faculdades cerebrais, inteiramente humanas, da afetividade e da inteligência. Somos afetivos e inteligentes sem alma sobrenatural, sem deus nenhum; a nossa “espiritualidade” parte da realidade e volta-se para a humanidade, ao passo que a do teológico parte das suas imaginações, desejos, temores, insegurança e medos, e volta-se para o imaginário.

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2 respostas para Humanismo e teologismo.

  1. Maugham Zaze disse:

    tenho lido seus textos… discordei de muitos… concordei em parte com outros… e nunca quis comentar… neste no entanto… como talvez faça parte dos crentes… achei por bem dizer algo… me parece que você só vê um tipo de crente… ou crê piamente que só existe um único tipo de crente… colocando-os em um só balaio… você confunde religião… com fé… que são duas coisas muito diferentes… a religião (no sentido do religare) foi transformada em denominações… graças a Lutero… que deu um start no protestantismo… já que a fé já pouco importava… mas o dinheiro tinha muito mais valor… mas voltando ao assunto… não sei que tipo de formação religiosa você teve… ou talvez deva chamar de INformação sobre as fés existentes… o Deus que permite tudo… ou que te dá o exito como disse acima e todas as outras descrições são falsas… não pela existência ou não dele… pelo simples fato que você não parou um segundo sequer até aqui (como você disse dos crente, desculpe mas foi você quem começou) para procurar entender tudo aquilo que ainda não entendemos… o exito ou não depende de nós mesmos… não de Deus… a fé com que você defende a não existência de um Deus qualquer… transformou-se no seu próprio Deus… na sua fé… procure ler um pouco mais sobre as visões mais modernas do tal Deus… e talvez possa entender… a visão exposta é medieval (sem ofensa)…

    • Pois é, visões mais modernas do tal deus… Há visões modernas e outras, medievas… deus é imaginação sujeita a hermenêutica, é imaginação ao invés de averigüação. Procurar entender tudo o que não entendemos… ou o que vocês, crentes não entendem. Não necessito de deus para entender seja o que for; visões modernas ou medievas de deus, são igualmente falsas porque se baseiam na idéia, irreal, de deus, seja lá como ela seja entendida. Aliás, se há visões diversas de deus, torna-se óbvio que ela é subjetiva e plástica, modifica-se consoante os tempos e, claro, presta-se a “explicar” o que vocês, crentes, não conseguem ou não querem entender sem a idéia de deus. Todas as descrições de deus e da sua atuação podem ser verdadeiras: basta interpretar-se a Bíblia neste ou naquele sentido. É verdadeira a que o fiel aceita e falsas as demais. Certas descrições são falsas na sua forma de fé; na de outrem, serão verdadeiras. Não há verdade legítima em teologia; há verdades mutáveis. Você pode dissentir das “descrições”, porém elas não são falsas: são as de muitos cristãos, embora não sejam as suas. Por isto, há vários cristianismos e não um cristianismo autêntico As descrições que expus são falsas para você; não são falsas em si. A exegese bíblica presta-se à formação de entendimentos diversos, de teologias diversas, que variam ao longo do tempo. Há visões modernas do tal deus, pois as visões do que ele seja mudam com os tempos, com as mentalidades, com as interpretações preponderantes, com a doutrinação prevalecente. Não me ofende em nada adjetivar de medieval a visão que expus, se com tal adjetivo quis se referir à forma como na idade média se entendia Jeová; se o empregou conotativamente, também não me ofende em nada. Nas duas hipóteses, apenas corrobora o que eu disse: que deus é interpretável ao modo de cada tempo e mesmo de cada teólogo.

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