“OPÇÃO” SEXUAL. CASAMENTO HOMO. INFLUÊNCIA BÍBLICA NOS COSTUMES.

          “OPÇÃO” SEXUAL. CASAMENTO HOMO. INFLUÊNCIA BÍBLICA NOS COSTUMES.

                                                                             Arthur Virmond de Lacerda Neto.  22.IX.2022.

Não há opção sexual: ninguém escolhe ser homo ou hetero. Escolhe-se ter comportamento homo ou hetero, mas o que define a condição homo ou hetero não é o procedimento sexual do indivíduo, mas o tipo de atração que ele sente.

Sente atração homo mas tem relações com o outro sexo, é homo pseudo-hetero.

Sente atração homo e tem relações com o mesmo sexo, é homo.

Sente atração hetero e tem relações com o sexo oposto, é hetero.

Sente atração hetero e homo, é bi.

Se é opção sexual e se tu és hetero, quando decidiste ser hetero?

Se é opção e decidiste ser hetero, optaste entre ser hetero e homo ; logo, tu és bi, ou seja, tens lado “gay”. Enquanto não houveres provado da coisa, não podes dizer que não gostas dela: se considera opção e se diz hetero, enquanto não houver provado e desgostado, é homo em potencial.

Não há opção sexual. Há condição sexual.

Demais, em que interessa aos outros a condição sexual de cada um ? Só interessa na sociedade fiscalizadora que se ocupa em fiscalizar o que cada um faz do seu corpo e como usa da sua liberdade, e que julga os outros pelo uso que eles fazem de seus corpo e liberdade.

Ainda que fosse opção, em que homem escolhesse ser homo, hetero ou bi, a outrem incumbe respeitar a opção alheia, a liberdade alheia, a intimidade alheia, em vez de julgar a outrem consoante ao padrão de certo e errado, em que certo é ser hetero e ser bi ou homo, errado — errado é precisamente este critério, que institui uma condição sexual como normativa e como desviantes as demais, que não são desviantes, senão condições inerentes à natureza humana.

Nos dias que correm, de rápida evolução de etos e de costumes, são findantes a heteronormatividade e a homofobia ; o estado geral das mentalidades, máxime entre jovens urbanos e laicos, é de aceitação da condição sexual alheia homo, bi, trans ; remanscem arcaísmos mentais heteronormativos e homofóbicos no interior, entre evangélicos, entre gente desinstruída, também nas gerações provectas, até certo ponto.

Nas capitais, nas cidades de médio porte, nas classes média-média, média-alta, alta, entre o público laico e instruído, as mentes são despreconceituosas ; no país ainda intensamente religioso (entenda-se: evangélico) que é este, perduram camadas sociais arcaicas em seus princípios, costumes e valores.

Piores são os pensamentos, verdadeiramente cômicos e até há poucos lustros alegados em antagonismo ao respeito para com a homossexualidade, de que a homossexualidade é contagiosa, “pega”: “Se meu filho tiver amigo gay, vai virar gay também”. Não, não vai : ninguém “vira gay” : ou já o é ou não o é e não o será. Amigos homo não convertem ninguém à homossexualidade ; se tanto, chamam a atenção do homo enrustido, recalcado, reprimido, para que outros vivem sua vida e são o que são, apesar dos maus bofes alheios ; o exemplo dos amigos pode ser libertador, jamais é “contagioso”.

Igualmente cômico é pensar que “se houver casamento homo, a humanidade acabará”, como se a reprodução humana dependesse exclusivamente de pais homo, como se eles fossem maioritários, como se os hetero não se casassem nem procriassem ; e mais : se houver casamento homo a humanidade findará, então, ser homo é atraente ao ponto em que todos converter-se-ão à homossexualidade. A alegação do “fim da espécie” é outra racionalização assaz puril e ininteligente.

À tosca interrogação “Que é que vou dizer para uma criança que vir dois homens se beijando ?”, respondo:

Diga-lhes que eles estão a cuidar de suas vidas sem se meterem na de ninguém ; faça o mesmo.

Adriano, imperador de Roma, apaixonou-se por um rapaz da Bitínia, Antinoo, que morreu e cuja morte ele chorou copiosamente perante a corte embasbacada ; a seguir, o senado baixou senadoconsulto de divinização de Antínoo, que se tornou o deus “gay” da antigüidade romana.

Apolo deus apaixonou-se por Jacinto, por cuja morte metamorfoseou-lhe o fio de sangue que escorreu de seu corpo em flores, vermelhas de cor e jacinto de nome.

Hércules amava Iolaus, Aquiles amava Pátroclo; viúvo de mulher, Orfeu dedicou-se ao amor de rapazes; Alcebíades amava Sócrates, Marco Aurélio e César eram bissexuais.

De Nero, Calígula e Tibério correm falsidades várias, que abarcam suas alegadas estroinices sexuais, já desmentidas.

A heteronormatividade implicou homofobia, infensa à homossexualidade masculina : majoritariamente homens homofóbicos hostilizam outros homens, ao passo que repúdio análogo de mulheres para com mulheres não se dá ; tampouco se hostiliza a bissexualidade, de que pouco se aventa, quase como se inexistisse. Ora, se a condição “normal” é de heterossexualidade, por que não se verberam também o lesbianismo e a bissexualidade ? Por que somos ensinados a odiar homens fanchonos, como fruto de ditames bíblicos, porquanto a eles a Bíblia se refere como “abominação” em tradução, aliás, desastrada : traduziram mal, como “abominação” o que significa “diverso dos costumes judaicos”. Diverso é diverso, não é abominável. Eis outra manifestação do quanto a Bíblia influenciou, perversamente, as mentalidades e os costumes. Outros exemplos : ela induziu gerações de pais à violência física contra seus filhos e às surras com vara de marmelo, porquanto versículo do Velho Testamento enaltece surrarem-se filhos, e fustigarem-nos com varas de marmelo. Surrar crianças e adolescentes cumpre a “Palavra”, o que me parece assustador e inaceitável.

Outra : interpretaram mal o caso de Onan, de derramou seu sêmen no chão. Entre judeus, era consuetudinário o cunhado emprenhar a viúva de seu irmão; chamado a cumprir este edificante costume, Onan descumpriu-o : praticou coito interrompido (em que o homem retira-se antes da ejaculação), o que foi erroneamente interpretado como masturbação, que se tornou pecaminosa e vergonhosa, e objeto de intensa campanha de hostilidade, nos séculos XVIII e XIX, na Alemanha, na França e não somente.

Mais exemplos: a gimnofobia, recusa da nudez (tirante na cópula e até sequer nela); o pudor (vergonha de ser visto nu e de expor mamas, pinto e bunda); a malícia sexual diante da nudez, sentimentos todos três suscitados pelo cristianismo e fortalecidos pelo concílio de Trento (século XVI), mentor da Contra Reforma que, por sua vez, elegeu dois adversários: o protestantismo e a nudez.

João Paulo II e Bento XVI incrementaram a campanha antipunheta nos seminários.

Puseram a correr fantasias risíveis, como as de que punheta produz pelos nas mãos, olheiras, diarréia, tuberculose, acnes, ataques epiléticos, morte. Não há nada disso, senão ao revés : a masturbação é normalíssima, saudável e recomendável.

Não reputo chulas e sim decorosas as expressões punheta, bater punheta, punheteiro, que causavam ou talvez causem espécie aos mais pudicos; também afigura-se-me decoroso o substantivo pinto (pênis, marzapo, mentula).

Educação sexual nas escolas, fora de conotações religiosas (teológicas; entenda-se: cristãs) contribui favoravelmente para erradicar tabus, ideias errôneas, ignorâncias. Que se ensinem anatomia e fisiologia sexuais, as condições sexuais no homem e nos animais, doenças venéreas, contraconcepção, que é pedofilia, quais são os crimes contra a liberdade sexual, que se debatam comportamentos, mentalidades, valores.

Nada da sexualidade deve ser tabu ; nada humano deve sê-lo ; nada deve sê-lo.

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