“TUDO BEM ?” “TUDO”. QUE CHATICE !
Cumprimentar com “Tudo bem ?” parece simpático, até pretende sê-lo, contudo geralmente, em 95% dos casos não o é e não passa de frase feita que se usa mecanicamente. Quem pergunta, não quer deveras saber se está tudo bem com o interlocutor que, por sua vez, responde com nova pergunta, igual:
— Tudo bem ?
Ou responde com afirmação:
— Tudo.
Quem pergunta, não está interessado, geralmente, em saber das alegrias ou das agruras do interlocutor; quem responde “Tudo” não está interessado, geralmente, em contar-lhe de suas ditas ou desditas. Geralmente aí tudo é falso e meramente protocolar. É chato, repetitivo.
Podemos perguntar “Tudo bem ?” se deveras, se sinceramente estivermos preocupados com o outro, se tivermos liberdade para perguntar-lho (lho = lhe + o), se a ocasião favorecer a resposta; quando não, a pergunta é hipócrita, inoportuna, e a resposta, possivelmente falsa.
A pergunta pode ser invasora e inconveniente: lá quer o interlocutor falar de seus problemas ou de suas alegrias ? Temos de perguntar a toda hora, para toda a gente, de sua intimidade ?
Alguns reclamam: “É chato quando se pergunta se está tudo bem e a pessoa fala de seus problemas”. É chato porque a resposta foi sincera para pergunta hipócrita; a saudação foi fingida, mas a resposta correspondeu à saudação. Quem responde tem de ser fingido, como quem pergunta ? Se não queria resposta vera, não perguntasse com hipocrisia.
A saudação “Tudo bem ?” é geralmente falsa e problemática.
Por que devemos perguntar sobre a vida pessoal dos outros ? Por que entre estranhos, em momentos impróprios, invadir a intimidade alheia ? Para fingirmos simpatia ?
Podemos ser simpáticos, calorosos, sem esta pergunta falsa e chata:
— Olá.
— Boas-tardes !
— Satisfação em vê-lo. (Se for sincero).
— Folgo em vê-lo. (Idem).
— Júbilo ! (Idem; esta inventou meu amigo Bilah Brahyt).
Se quiser cumprimentar, sem a mesmice mil vezes batida do “Tudo bem ?”, não pergunte, afirme:
— Olá.
— Boas-tardes.
Arthur Virmond de Lacerda Neto 