Escravidão.

 

I) Zumbi era senhor de escravos.
Quem criou a escravidão negra foram os negros, na África. Os negros africanos eram escravagistas: escravizavam-se entre si e vendiam-se entre si. Os brancos limitaram-se a comprar as mercadorias que os negros lhes ofereciam, ou seja, os brancos jamais reduziram negros livres em escravos, em relação aos negros importados. Quem reduzia os negros livres em escravos eram outros negros. Os brancos compravam negros já escravizados por outros negros. (É claro que os brancos mantiveram escravizados os filhos dos escravos importados; não é a isto que aludo com a expressão “Os brancos limitaram-se […]”).
Fonte: Guia politicamente incorreto da história do Brasil, de Leandro Narloch.

II) A escravidão preta no Brasil foi branda. Foi branda, não foi violenta em comparação com a praticada por outros povos. Trata-se de noção comparadora e com visão de conjunto, que atenta no geral e não nas exceções. É o que os viajantes estrangeiros observavam.
Fontes: Cartas a favor da escravidão, de José de Alencar. Contém comparação entre o português e o alemão, em favor do primeiro.
Novo mundo nos trópicos, de Gilberto Freyre.
O mundo que o português criou, de Gilberto Freyre.
Um brasileiro em terras portuguesas (prefácio), de Gilberto Freyre.
Indiquei Gilberto Freyre, que li. Suas obras foram marginalizadas por certos grupos e pela “academia”. Porém na busca da verdade não se deve considerar todos os lados ?

III) No Brasil, havia mobilidade social do negro ex-escravo. Eram mulatos Machado de Assis, Tobias Monteiro, Cruz e Souza, o Aleijadinho, os irmãos Rebouças; tinham ascendência negra Manoel da Nóbrega (ou José de Anchieta), o padre Vieira, o marquês de Pombal.
Em “História do corpo no Brasil”, em meio a artigos de doutoras e pós-doutoras mal escritos e mal pensados, há um segundo o qual a perspectiva social no Brasil do século XVIII era a do mulato, com ascenção e mobilidade social. Já o leu ?

IV) Há gerações, no Brasil, não há negros. Há mulatos. Todo “negro” brasileiro é branco, em alguma medida.

V) Tachar de racista considerações como as acima ou quem as formula, é demonstrar açodamento em rotular as pessoas, ser baldo de senso de proporções e ter ímpeto insultuoso. Nada disto constrói; só acirra ânimos. Idéias contrariam-se com idéias melhores e com mais informações. Minha prática sempre foi a de acrescentar informações e não a de rotular ninguém.
Informações e idéias dignas de atenção não são apenas as que você adota e julga serem a verdade acima de qualquer dúvida, o que se aplica a qualquer assunto, de que a escravidão é um dentre outros.

VI) Não sou nem contra nem a favor da “Consciência Negra”; nem contra nem a favor do movimento negro. Sou a favor da difusão de informações esclarecedoras, que apetrechem as pessoas a ajuizar com propriedade. Tampouco nego o horrível e o terrível da escravidão nem a responsabilidade deste ou daquele povo a respeito; interessam-me os fatos (factos), sem paixões.

ESCRAVIDÃO E POSITIVISMO.
Os positivistas brasileiros eram abolicionistas. Era condição de ingresso na Igreja Positivista do Brasil não se possuir escravos.
Teixeira Mendes, chefe do Positivismo Brasileiro (e autor da bandeira republicana), era favorável à indenização, a ser paga, por ocasião da abolição, não aos ex-senhores, porém aos escravos.

Teixeira Mendes, Aníbal Falcão e Teixeira de Souza formularam, em 1880, projeto de abolição:
1- Abolição imediata.
2- Adscrição ao solo dos (ex) escravos,
3- Supressão da legislação autorizadora de castigos corporais.
4- Casamento dos pares de (ex) escravos.
5- Limitação do número de horas de trabalho, com descanso semanal.
6- Criação de escolas primárias, às custas dos grandes proprietários rurais.
7- Dedução de parte dos lucros dos (ex) senhores para pagamento de salários.

Miguel Lemos, um dos próceres do Positivismo no Brasil, escreveu: “O proprietário atual de escravos é simplesmente uma pessoa que continua a gozar das conseqüências de um crime [instituição da escravidão] que os nossos pais cometeram , crime atroz que deve ser expiado” mediante a transformação dos escravos em “cidadãos livres”.

O Calendário Histórico ou Calendário Positivista, composto por A. Comte, em que se atribui a cada dia um personagem relevante no progresso humano, consagrou o dia 26 do mês de Frederico (evocador dos estadistas modernos) a Bolívar e a Toussaint-Louverture.

Toussaint-Louverture foi o negro, escravo, que promoveu a independência do Haiti, e a extinção da escravidão naquele país. A escolha de Comte, de tal personagem não é apenas simbólica: ela eleva Toussaint à condição de benfeitor da Humanidade.

 

 

Esse post foi publicado em Escravidão., Positivismo de Augusto Comte. Bookmark o link permanente.

Deixe um comentário