PEDANTISMO OU PREGUIÇA ? MESÓCLISE E PRONOMES CONTRAÍDOS.

PEDANTISMO OU PREGUIÇA ? MESÓCLISE E PRONOMES CONTRAÍDOS.

Alguns apodam a mesóclise (poder-se-ia) e os pronomes contraídos (to, lha, no-las, vo-los) pedantismo. Eles são recursos legítimos do idioma, usáveis por todos, em todos os momentos e situações. É normalíssimo e naturalíssimo que as pessoas queiram servir-se das formas existentes na língua portuguesa, ainda que menos usadas no Brasil, por seu desconhecimento: a grande massa ignora mesóclise e pronomes contraídos, ao passo que minoria mais instruída usa-os.

Alguns da grande massa tacham-lhes o uso de pedante. Interrogo-me se nesse apodo não vai, na verdade, preguiça de aprender a usá-los ou incapacidade de fazê-lo; afinal, é muito mais fácil deles desdenhar do que aprendê-los (o que, aliás, é fácil). Fácil por fácil, é mais fácil ter preconceitos pueris do que aprender certas coisas e a opção pelo fácil é o timbre da mediocridade.

Seja de esquerda, de direita, de exatas, de humanas, de biológicas, “conservador”, conservador ou “práfrentex”, doutor ou sequer formado, não importa — associar conhecimento e seu uso com pedantismo é pernicioso juízo que exalta a ignorância e inibe quem se deixe por ele induzir. Por isto, diante do apodo de pedante, infligido a qualquer plástica da língua portuguesa (desusada pela massa ignara), não o lamento nem me entristeço: ali vislumbro mediocridade e arrogância fantasiadas de apelo popular.

Quem aprecia a mesóclise, os pronomes contraídos, a correção gramatical, não deve se inibir perante opiniões adversas a eles nem se privar deles porque seja lá quem for capitula-os de pedantes, obsoletos, lusitanos, elitistas. Ao revés: use-os, orgulhosamente, ostente-os, escreva-os, fale-os e ignore o preconceito, a arrogância, a caretice dos que se presumem sábios.

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