A PALAVRA CUJO.
No Brasil, já quase sumiu a palavra “cujo”; no curso de Direito aluna perguntou-me se isto existe (!).
Exemplos de uso da palavra cujo:
– O aluno cujo pai é bondoso.
– Resolvi problemas, cuja origem estava na pandemia.
– No governo de Brasólia, cujo chefe é Miquelino, há bons ministros.
– Um amigo meu comprou cuia de chimarrão, cuja borda é de prata.
– Tu lhe falaste de autor, cuja obra esta à venda.
Como dizem, horrivelmente, sem “cujo” :
– O aluno que o pai é bondoso.
– Resolvi problemas que a origem estava na pandemia.
– Um amigo meu comprou cuia a borda é de prata.
O desaparecimento de cujo é mais um sinal, dentre tantos, da mediocrização da língua portuguesa no Brasil ; há mudança sem melhoramento e com empobrecimento. Em Portugal, “cujo” também já quase desapareceu.
Com cujo e sem cujo há uma diferença: a de que, com ele, a frase é bem-articulada; sem ele, é mal-articulada e pobre; sua presença revela bom uso dos recursos da língua portuguesa; sua ausência mostra pobreza de vocabulário e expressão tacanha.
A cada passo nota-se que os empobrecimentos da língua portuguesa perceptíveis no Brasil há dois, três, quatro lustros (lustro = 5 anos) depressa repetem-se em Portugal, à conta da influência das telenovelas brasileiras, da imigração brasileira para lá, e por outros e endógenos motivos.