Origem da mesóclise.

(Notas de meu futuro livro Educação lingüística).

Mesóclise é neologismo brasileiro, aliás, bem-vindo; também se chama tmese.

A princípio, usavam-se dois verbos: o principal (que exprimia a ação do sujeito), no infinito (com terminação em erre: escrever, ouvir), e haver, em suas formas reduzidas do presente do indicativo e do pretérito imperfeito do indicativo.

            Verbo haver no presente do indicativo: hei, hás,, havemos, heis, hão. Verbo haver no pretérito imperfeito do indicativo: havia, havias, havia, havíamos, havíeis, haviam. Suas formas reduzidas: (presente) ei, ás, á, emos, eis, ão; (pretérito imperfeito) ia, ias, ia, íamos, íeis, iam.

            Empregavam-se perífrases verbais como amar hei, amar hia (por havia), amar hemos (por havemos). As formas reduzidas do verbo haver aglutinaram-se aos verbos principais, em jeito de desinências (amar hei > amarei, amar hia > amaria, amar hemos > amaremos), do que advieram dois novos tempos: o futuro do presente (amarei) e o futuro do pretérito (amaria).

            Como sobrevivência persistiu a separação dos verbos principal e haver em presença de pronome pessoal átono; a separação faz-se por hífens: amar-te-ei, amar-te-ia, escrever-lhe-ei, di-lo-ia.

            Esquematicamente:

VERBO PRINCIPAL + VERBO HAVER = VERBO + PRONOME = MESÓCLISE.

Dar + hei = darei + lhe = dar-lhe-ei.

Dar + havia = daria + te = dar-te-ia.

Ler + hás = lerás + no-lo = ler-no-lo-ás.

Ler + havias = lerias + vo-lo = ler-vo-lo-ias.

Ouvir + hemos = ouviremos + o = ouví-lo-emos.

Ouvir + havíamos = ouviríamos + as = ouví-las-íamos.

            Quando o pronome for exclusivamente o, os, a, as: 1) eles transformam-se em (respectivamente) lo, los, la, las; 2) o verbo, no infinitivo, perde a letra final erre (por exemplo: encontrar + as = encontrá-las; encontrá-las-emos). Em relação aos demais pronomes, o verbo mantém sua forma infinita, com final em erre (por exemplo: dar + te = dar-te; daria + te = dar-te-ia; daria + te + o = dar-to-ia).


Esse post foi publicado em Língua portuguesa., Linguagem, Mesóclise.. Bookmark o link permanente.

Deixe um comentário